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quarta-feira, abril 01, 2009

A última lenda viva do rock



Jerry Lee Lewis

"Jerry Lee Lewis foi o cara mais louco que apareceu na face da Terra".


Poucos na história do Rock tiveram uma carreira totalmente situada no lado de fora dos interesses corporativos. Poucos tiveram culhões para fazerem o que quiserem sem temer as represálias do público, da crítica, das gravadoras. Poucos conheceram os dois lados da moeda chamada sucesso e resistiram a tentação de se venderem para sentirem uma vez mais o gosto da glória. Poucos sobreviveram ao joie de vivre do rock, regados a doses generosas de drogas e sexo fácil. Mas apenas um, caminhou por todos esses caminhos e adicionou algumas pitadas de morte, prisões, seis casamentos, dois bebês afogados, uma noiva-criança de 13 anos. Seu nome é Jerry Lee Lewis. Mas também atende pela alcunha de The Killer. O matador, o assassino, Deus e diabo.
Jerry Lee é o legítimo anti-herói americano. Nasceu em uma cidadezinha pobre nos cafundós da Lousianna, onde a diversão se dividia entre trabalhar e ouvir a pregação dos pastores sobre as armadilhas e os descaminhos daqueles que não seguissem os caminhos do Senhor. Durante a infância e adolescência, Jerry era muito apegado a um primo, Jimmy Swaggart.
Aos 21 anos , os dois encontravam-se parados em uma encruzilhada. Deviam escolher pra que lado direcionar o talento divino que cada um recebera. O bem ou o mal. Primo Jimmy escolheu deixar propagar o seu lantente poder de persuasão para indicar aos fiéis o caminho da salvação. Primo Jerry escolheu ir pra Memphis, Tennessee, oferecer seu piano frenético a uma nova febre que se alastrava: o Rock’N’Roll, a música do diabo.
Em termos religiosos, Jimmy escolheu a salvação e Jerry, a danação. O que o destino lhes reservara, nem mesmo a mente do mais trash dos escritores poderia criar.
Em pouco tempo Jerry Lee Lewis assinou um contrato com a gravadora Sun Records, a mesma gravadora de Elvis Presley, Carl Perkins, Johnny Cash. Bastaram um par de compactos entre 56/57 e tornou-se um fenômeno, entrando rapidamente nos postos mais altos da parada de sucessos, aproveitando o vácuo deixado por Elvis, que estava servindo o exército americano. Mas o piano infernal de Jerry Lee era muito mais perigoso e nociso para a sociedade america do que o rebolado, a voz negra e a rebeldia controlada de Elvis. Jerry Lee condensou em clássicos como Great Balls of Fire, e Breathless, por exemplo, a energia negra, o compasso erótico das joints negras mais o seu canto maldito, mezzo orgásmico, mezzo religioso. Ao mesclar Deus e o diabo num ritmo alucinante e pornográfico, Jerry Lee colocou uma chaga bem no meio do coração do moralismo americano. Era difícil para o conservador way of life americano digerir o impacto da música demoníaca de Jerry Lee Lewis.
Excelente músico, Jerry foi um dos primeiros a adotar arranjos pentatônicos ao piano e, sempre, solava em escalas cromáticas de meio tom, o que causava perplexidade aos pianistas.
Ele era o espírito mais adolescente dos roqueiros da época. O ícone perfeito para uma juventude desacreditada e disposta a viver intensamente sob o constante risco de uma bomba-atômica explodir sobre suas cabeças a qualquer momento.
O aspecto desamparado e a figura permissiva de Jerry ajudaram a criar o aspecto de anti-herói perfeito. Incendiar pianos em pleno palco, ao vivo no horário nobre era moleza. Chegou a ser preso na casa de Elvis Presley em Memphis, depois de tentar invadi-la, de madrugada, porque pressentiu que Elvis estava se sentindo sozinho.
Porém, em 1958, num ato que para ele era totalmente natural, Jerry Lee casou-se com Myra Brown que, além de prima, tinha treze anos e era a sua terceira mulher.
Era o trunfo crucial para a sociedade americana detonar Jerry Lee Lewis. Condená-lo às chamas do inferno. Em questão de meses, caiu no ostracismo, bebendo compulsivamente e tocando em feiras agro-pecuárias em troca de mixaria. A partir daí, sua vida e sua carreira foram ditadas pelas imprecações de quem escolhe o seu próprio caminho. Prisões, arruaças, porres, doenças, mortes.
Rápido e rasteiro: o filho nascido de sua união com Myra morreu afogado na piscina de sua casa; sua duas primeiras mulheres morreram sob circunstâncias misteriosas – ficando, em tese, praticamente provado que ele matou pelo menos uma - ; atirou e matou o baixista de sua banda logo após uma apresentação; tentou uma infrutífera carreira country nos anos 70 e depois sumiu de vez. Casou-se mais três vezes e foi dado como condenado depois de uma úlcera perfurada.
Em 1989 voltou a ser sucesso com o lançamento do filme Great Balls Of Fire/A fera do Rock. Um bom filme sobre a história de Jerry Lee e do próprio Rock.
Em 1993, o Killer passou pelo Brasil. Completamente bêbado no Jô Soares Onze e Meia, não consegui nem dar entrevista, apenas sentou-se no piano e martelou Whole Lotta Shakin Goin On. Histórico. Tocou no Palace durante meia-hora, depois – bêbado – encheu-se e foi embora para desespero do elitista público paulistano.
Primo Jimmy Swaggart também teve uma emblemática e sinuosa carreira. Tornou-se pregador símbolo da América e rei dos televangelistas. Alguém aí não se lembra do figura pregando a palavra todas as manhãs de Domingo nos anos 80, via TV Bandeirantes?
No entanto, para manter o estigma da família, primo Jimmy também caiu em desgraça: tinha como vício pagar prostitutas para estimular a sua masturbação. No auge do escândalo, Jerry Lee declarou: "Não sei porque estão fazendo isso com Jimmy. Se ele pecou, pecou com ele mesmo. Ninguém tem nada com isso. Um homem tem que se satisfazer, oras!"
Êxtase, erotismo, bebedeiras, assassinatos, ritmos alucinantes. A vida e a obra de Jerry Lee Lewis não tem fim. A lenda, o mito, a sua história se confunde com a própria história do Rock e escancara o coração negro da América profana. Um homem que é Deus e o diabo. Bem e mal. Uma vez, perguntado se acreditava em destino, respondeu:
"Eu acredito em Jerry Lee Lewis. E em Deus Todo Poderoso".

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