NO DIA DAS MÃES PARAUAPEBAS ATINGE A SUA MAIOR IDADE

Valter Desiderio Barreto

Finalmente Parauapebas atinge a sua maior idade! Foi há 21 anos, que o povoado denominado “Rio Verde” pertencente ao município de Marabá, distante do mesmo 150 quilômetros, conseguiu sua emancipação jurídica, administrativa e política e territorial, recebendo um novo nome que hoje se destaca no cenário nacional, como o município mais rico em potencial do Brasil. Parauapebas. Não podemos deixar de destacar que esse pujante município surgiu sob a influência da então Companhia Vale do Rio Doce, estatal do Governo Federal, hoje Vale (empresa privada), que se instalou na região para desenvolver o maior projeto de extração de minério de ferro a céu aberto do mundo denominado “Projeto Grande Carajás”. Vale ressaltar, que Parauapebas foi formada por uma população, cuja maioria podemos denominar de “refugo humano do resto do Brasil”. Por que dizemos isso? Porque a maioria dessas pessoas que aqui chegaram influenciadas pela “propaganda” do emprego fácil, era pessoa sem formação cultural e profissional nenhuma. Pessoas que vieram de suas cidades por não terem perspectivas de conquistarem espaço no mercado de trabalho e nem na sociedade de seus municípios de origem, na verdade, vieram para cá como a última esperança de suas vidas, porque se continuassem vivendo em suas regiões, jamais conquistariam espaços e projeções não só na vida econômica como na vida social que conseguiram nesta cidade “mãe” que acolheu e continua acolhendo a todos que desejarem se estabelecer por aqui. Só para confirmar o que estou dizendo, na composição da primeira Câmara de Vereadores em 88, o destaque maior foi um vereador analfabeto que não lia e nem escrevia nada, apenas aprendeu a assinar malmente seu nome, exerceu o cargo de Presidente do Poder Legislativo Municipal. Só tinha um vereador formado de nível superior, que havia feito engenharia, mas na época não exercia a profissão, que posteriormente fora assassinado pela “máfia política” que se instalou no mais novo município do Estado do Pará. O segundo Prefeito eleito no município, nomeou um secretário de finanças que só tinha a 4ª série do ensino fundamental e ainda assim, teve que acrescentar um sobrenome a mais ao seu, para exercer o cargo, porque o mesmo se encontrava com o nome bronqueado junto ao Banco Central. Esse privilégio de assumir um cargo tão importante em uma administração pública sem as devidas qualificações só foi possível, porque o Prefeito era seu cunhado. Delegado analfabeto prendia pessoas, seu genro se passava por advogado e por algum dinheiro soltava os mesmos e o dinheiro era dividido entre si. Hoje a cidade não comporta mais esse tipo de pessoas exercendo funções sem o devido preparo. Já existem no município inúmeras faculdades não só federal, como particulares, oferecendo mais de 30 cursos de nível superior. Tive a honra de dar a minha parcela de contribuição a esta cidade, exercendo várias atividades quando aqui cheguei. Meu primeiro contato com esta cidade foi exatamente na década de 80, precisamente em 1984, quando eu era funcionário público federal, no então Território Federal de Roraima, atuando em sua capital Boa Vista, e saindo de férias no final de ano, vim conhecer esta região que na época, era assunto do dia em todos os lugares do Brasil. Ao chegar aqui, tive acesso à serra dos Carajás, que naquela época era muito restrito, me encantei tanto com o que vi, que decidi não retornar mais para Boa Vista, e pedir a minha conta por telefone, enviando posteriormente uma procuração para um colega meu resolver toda a questão de minha demissão do governo federal e aqui me instalei. A princípio fui convidado a trabalhar na Vale do Rio Doce no departamento denominado Assessoria de Segurança e Informação - ASI, em parceria com o antigo Serviço Nacional de Informação – SNI e a Polícia Federal, já que naquela época essa região era considerada área de Segurança Nacional, e sendo a Vale do Rio Doce uma empresa administrada pelo Governo Federal, tendo seus diretores todos militares do Exército, todo mundo que vivia na região era bastante vigiado. Depois de algum tempo, recebi o convite da então Diretora do Colégio de 1º e 2º Graus General Euclides Figueiredo, Irenildes Soares Barata, a única pessoa no estabelecimento de ensino que possuía nível superior naquela época, os demais professores só possuíam o ensino médio que ministravam aulas para os três cursos de ensino médio existentes: Magistério, Administração e Contabilidade. Fui autorizado pela Secretaria de Estado da Educação do Pará, ministrar sete disciplinas já que eu era o único professor de nível superior na área de humanística na região. Exerci a atividade de Delegado de Polícia substituto, juntamente com Florêncio Pereira Neto, militar do Exército na reserva, Escrivão de Polícia, fui o fundador do Comissariado de Menores da cidade trabalhando com a Juíza de Direito da Comarca de Marabá, Dra. Marta Inês, Fui fiscal de terras na área urbana criando vários bairros na cidade liberando lotes residenciais para a população, exerci a função de assessor parlamentar na Câmara de Vereadores, assessor do departamento de cultura municipal, fundador do segundo jornal do município, idealizador e organizador do 1º Encontro de Escritores do Norte do Brasil com a participação de escritores de diversas regiões país, colocando Parauapebas em evidência nesse segmento cultural, primeiro escritor do município com obras editadas com repercussão a nível nacional e internacional, desvendei a origem do primeiro crime político de Parauapebas na década de 90, tendo como vítima o ex-Vereador João Prudêncio de Brito, e como o mandante o ex-prefeito Faisal Salmen, cabeça da máfia política da região, consegui provar na justiça a inocência da ex-esposa do Vereador assassinado, D. Marlene Abadia da Silva, que passara nove meses presa como se fosse à mandante do assassinato do seu marido, resultando na condenação da Câmara Municipal pela justiça a indenizá-la em 80 mil reais por danos morais e materiais. Parauapebas como uma verdadeira mãe que abraça a todos que aqui chegam sem discriminação e acepção, constitui-se em uma verdadeiro celeiro de pessoas de grandes valores morais, culturais, profissionais, artísticos e espirituais, não está livre de ter entre tais valores, aqueles que mancham a imagem da nossa “Cidade Mãe”, que são os oportunistas que chegam aqui só para explorar a consciência dos menos desavisados, como a maioria dos líderes religiosos que só pensam em se promoverem material e financeiramente, os ladrões virtuais, àqueles que roubam o dinheiro dos clientes de bancos através da internet, como os maus políticos que depois de eleitos esquecem-se de seus compromissos assumidos em época de campanha. Infelizmente como uma cidade aconchegante como ela é, não está isenta de receber pessoas de péssima índole como acontece nas demais cidades do Brasil e do mundo. O importante é que Parauapebas é formada por uma maioria de pessoas honestas e trabalhadoras. Como cidadão parauapebense, me sinto muito honrado em ter dado minha ínfima parcela de contribuição ao longo desses quase 25 anos como morador pioneiro dessa rica e benevolente cidade, e comemorar neste dia 10 de maio, seus 21 anos de emancipação política, tendo a frente da mesma, o melhor e mais competente e atuante Prefeito DARCI LERMEN, que faz jus ao potencial dessa promissora cidade considerada a “Capital Mundial do Minério”. Parabéns Parauapebas pelo seu aniversário de 21 anos de independência administrativa do seu município mãe! Esta é a simples homenagem do seu “filho” adotivo Valter Desidério Barreto, que lhe agradece pela acolhida e pela escola que você foi e tem sido para a minha vida! Te amo Parauapebas!!!

Valter Desiderio Barreto - Diretor Presidente do Jornal Boca no Trombone do Estado do Pará.