Lula pode desistir da urgência no pré-sal

por Alexandre Garcia
O presidente da Câmara, Michel Temer, ouviu as lideranças e sentiu que, com regime de urgência, os trabalhos podem empacar, com o boicote da oposição. Além disso, até lideranças governistas estão constrangidas com a urgência estabelecida pelo presidente.
Temer foi ao presidente ponderar que urgência vai atrapalhar mais que apressar. O presidente, para não voltar atrás mais uma vez, alegou que vai consultar hoje o conselho político - que supostamente fora consultado para carimbar os três projetos com urgência.
É bom lembrar que na véspera do anúncio do pré-sal, o presidente, a pedido do governador de São Paulo, havia prometido a José Serra e aos governadores do Rio de Janeiro e do Espírito Santo, retirar o regime de urgência. Não fez isso e justificou depois que o governo já havia discutido o assunto por mais de um ano.
Pois esse é o argumento da oposição: o governo passou um ano e meio discutindo internamente as mudanças que aplicou ao pré-sal e exige pressa daqueles que, bem ou mal, foram eleitos para representar o povo na elaboração das leis.
O presidente também alega que quanto mais o Congresso demorar, mais vai demorar para retirar o petróleo. O petróleo é esperado, vencidos os obstáculos técnicos, para tempos do governo que vier depois do governo que suceder ao atual.
No entanto, a divisão da riqueza já divide os governadores. Uma fábula de Esopo fala da menina que levava leite para vender no mercado e ia sonhando com o que iria fazer com o dinheiro da venda, as riquezas que alcançaria a partir daquele leite. Enquanto sonhava, não prestou atenção às pedras do caminho, tropeçou e derramou o leite - e o sonho. Já se briga pela riqueza antes de a menina chegar ao mercado.