por Alexandre Garcia
A decisão sobre a intervenção federal demora. Em outro país, um flagra desses, de políticos recebendo dinheiro, resultaria em medida drástica contra o flagrado. Aqui demorou três meses, porque se apostou na impunidade, na cultura de que isso é normal na política.
A Justiça não está satisfeita. O presidente do Supremo Tribunal Federal chegou a dizer que há, em Brasília, “uma metástase”. O procurador-geral quer intervenção federal, o que os políticos locais não querem. Supõe-se que sendo ruim para eles será bom para Brasília.
Se levarmos em conta o que eles fizeram com os votos dos brasilienses desde que se criou essa autonomia política sem autonomia fiscal. O que sustenta Brasília é o imposto de todos os brasileiros.
Amigos de Juscelino me dizem que quando JK veio para Brasília, ele disse que ia se livrar – e livrar os presidentes futuros – da “gaiola de ouro”, a câmara de vereadores do Rio de Janeiro. Só que nos últimos 20 anos nós formamos a nossa, concretamente. Está pronto o novo e suntuoso Palácio Legislativo, com área de cinco campos de futebol – para 24 deputados. Constrangidos, eles ainda não se mudaram. Custou R$ 120 milhões, triplicou o orçamento inicial, sabe-as lá como.
Na discussão disso tudo, vem a pergunta: o que é o Distrito Federal? Não é um estado, não é um município. É apenas o distrito sede do governo federal.
Fica também a dúvida: o que fizeram com o voto conquistado de Brasília? Eleitos provocaram uma explosão demográfica, desordem na ocupação do solo, legislaram em causa própria. Veio a segurança pública em uma cidade que era segura, a saúde pública ficou péssima, a educação, sofrível, asfalto mal feito.
Falta para hospitais e escolas o que sobrou para Palácios Legislativos, para meias e bolsas. Ou seja, Brasília chega aos 50 anos desmordenizada por mazelas do Brasil antiquado.
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