A FARRA DOS CELULARES NA CADEIA

por Fábio Barretto - 27/07/2012

Independentemente se a discussão avança sobre a questão tecnológica e se ela está obsoleta ou não, o viés desse tema passa por um assunto que sempre se enconde por de trá...s do impacto que a notícia dá: a corrupção. 

 

A discussão não pode ficar centralizada apenas na qualidade dos bloqueadores de celular. A discussão tem que estar focada na corrupção dentro dos presidios. 

 

Se tudo isso acontece. Se todos esses telefones entram, se todo esse dinheiro entra é porque alguém leva. E porque esse dinheiro é usado para pagar e financiar a corrupção nos presídios. 

 

Se eu estou falando bobagem, raciocinemos: porque, então, tanto dinheiro escondido nos buracos das celas.? Pra quê ?. Só pra droga ? Tá na cara que é para pagar alguém para fazer vista grossa. 

 

Não estou fazendo acusações levianas. O que eu estou dizendo aqui é que os fatos provocam essa interpretação. 

 

O que eu estou dizendo aqui é que antes de pensar nos bloqueadores de celular, temos que pensar como esses aparelhos, como essa droga, como esse dinheiro todo entra lá. É isso. 

 

Se houvesse segurança séria, honesta e um serviço de rastreamento decente dentro dos presídios e longe da corrupção, ninguém teria celular e consequentemente não precisariamos discutir sobre bloqueadores de celular. 

 

Assim como a polícia fez uma investigação bem feita sobre o uso dos celulares é preciso também fazer uma investigação ainda mais bem feita sobre os corruptores e corruptos que fazem comunhão de bens dentro da cadeia. Isso é um problema antigo. 

 

E cada vez mais com requintes assustadores. O problema não é o bloqueador de celular e ainda que fosse existem tecnologias apropriadas, baratas e eficientes. 

 

O melhor bloqueador de celular é o fim da corrupção dentro da cadeia. E outra coisa: essa situação é um tapa nas nossas caras e mostra claramente que a cadeia está longe dessa tal ressocialização. 

 

Muitas cadeias do Brasil quando não são escritórios do tráfico, são escolas de maldade e purgatórios de tortura. 

 

O detento que faz cinco mil ligações em 15 dias de dentro da cadeia nos leva a suspeitar claramente que ele encheu o bolso de alguém para pagar pela sua impunidade.