Mais de 350 milhões de toneladas do gás foram liberadas na atmosfera.
Pesquisador avalia dado como positivo, mas diz ser possível avançar mais.
O período medido vai de agosto de 2011 a julho de 2012, mesmo intervalo avaliado no ano passado. O desmatamento da Amazônia neste ano resultou na emissão de 352 milhões de toneladas de CO2, menos que os 420 milhões liberados na atmosfera no ano passado, de acordo com o Inpe.
Imagem aérea mostra desmatamento na Amazônia
(Foto: Divulgação/Toby Gardner/Science)
Segundo o monitoramento anual do Inpe, foram desmatados 4.656 km² da Amazônia entre agosto de 2011 e julho de 2012, área equivalente a mais de três vezes o tamanho da cidade de São Paulo. É a este desmatamento que corresponde a emissão de CO2, um dos gases causadores do efeito estufa, divulgada pelo Inpe.
O tamanho do desmatamento é 27% menor que o registrado anteriormente, no período entre agosto de 2010 e julho de 2011 (6.418 km²). Foi a menor taxa desde que o Inpe começou a fazer a medição, em 1988.
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Número positivoO número é positivo e está dentro do esperado, segundo o cofundador e pesquisador sênior do Imazon, Beto Veríssimo.
"A gente saiu de quase uma gigatonelada de CO2 [986 milhões de toneladas] liberadas em 2004 para 352 milhões em 2012, então reduziu bastante. Isso mostra a importância na redução do desmatamento da Amazônia para as emissões de carbono no Brasil", diz o pesquisador.
Veríssimo ressalta ainda que cerca de metade do CO2 liberado na atmosfera no Brasil vem da destruição da floresta. "O Brasil tem um compromisso de reduzir as emissões até 2020 e vai ser capaz de atingir essa meta mesmo com as indústrias produzindo mais e com maior consumo de combustível fóssil", afirma.
Imagem de 2010 mostra lote de madeira ilegal confiscado
no Pará (Foto: Divulgação/Paulo Santos)
Avançar ainda maisA queda nas emissões e no desmatamento da Amazônia são dados importantes, mas é preciso avançar ainda mais, segundo Veríssimo. O sistema de transportes, a matriz de produção energética e o setor industrial podem ser mais eficientes, de forma que também haja redução na liberação de CO2 nestes setores, pondera o pesquisador.
"Reduzir o desmatamento não tem um custo grande para o Brasil. Além de haver ganho ambiental, o país ganha economicamente", pondera Veríssimo, ressaltando que a parte cumprida até agora é a "mais fácil". O pesquisador diz que é possível avançar mais na redução da devastação da floresta, inclusive.
"A expectativa é que nos próximos anos a emissão de CO2 fique abaixo de 200 milhões de toneladas", se a redução no desmatamento continuar, avalia Veríssimo.
Faixa de floresta tropical devastada na Amazônia
(Foto: Nacho Doce/Reuters)
(Foto: Nacho Doce/Reuters)
Segundo o programa do Inpe que mede a emissão de CO2, o chamado Inpe-EM, houve queda de 64% na quantidade de dióxido de carbono liberado no ar na comparação com intervalo de oito anos, entre o período de agosto de 2003 e julho de 2004 e o de agosto de 2011 e julho de 2012.
A estimativa do Inpe-EM deve ser atualizada após a divulgação dos dados consolidados do sistema Prodes em 2013, quando também serão apresentados os dados de emissão por estado, segundo o instituto.
Árvores derrubadas
Usando os dados do Inpe, o pesquisador Paulo Barreto estimou que foram derrubadas 232,8 milhões de árvores na Amazônia entre agosto de 2011 e julho de 2012 - o que equivale a cortar mais de uma árvore por habitante do país.
Além disso, foram afetados pelo desmatamento cerca de 8,3 milhões de aves e 270 mil macacos, segundo Barreto. Para chegar ao número de animais atingidos, o pesquisador disse ter usado previsões que constam em um estudo do Museu Paraense Emílio Goeldi.
As informações do Prodes consolidam dados coletados ao longo de um ano por satélites capazes de detectar regiões desmatadas a partir de 6,25 hectares. São computadas apenas áreas onde ocorreu remoção completa da cobertura florestal – característica denominada corte raso.
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