Ocupantes querem consertar e financiar imóveis em São Vicente, SP.
Prédios foram embargados quando obras estavam concluídas.
Conjunto com oito prédios em São Vicente está abandonado
há oito anos (Foto: Silvio Muniz /G1)
Batizados de conjuntos Primavera e Penedo, a obra custou cerca de R$ 22 milhões. Aproximadamente 94% das obras do condomínio Penedo, e 88% do Primavera estavam concluídas, quando, em 2004, uma construtora pediu falência com as obras parcialmente concluídas e os trabalhos foram interrompidos.
O conjunto ficou abandonado e acabou sendo saqueado e destruído pela falta de manutenção. Em pouco tempo os apartamentos começaram a ser ocupados. “Tem morador aqui que vive há sete anos no prédio. Estava abandonado, sendo destruído. Nós entramos para arrumar e garantir os nossos direitos”, conta Willians Barbosa do Prado, que ocupa um dos apartamentos invadidos.
Famílias consertam problemas causados
pelo abandono dos prédios (Foto: Silvio Muniz /G1)
pelo abandono dos prédios (Foto: Silvio Muniz /G1)
A notícia de que os prédios estavam sendo ocupados foi atraindo mais gente, como Benício Cassiano de Oliveira, que têm 54 anos e está desempregado. Benício mora de aluguel, pago com a ajuda do filho. “Vi que estavam ocupando e vim ver se tem espaço para mais um”, conta. “Hoje a gente tem que organizar, porque muita gente tem nos procurado, mas não cabe mais ninguém. Hoje quem entrou não sai mais”, conta Willians.
Segundo os ocupantes dos prédios a estrutura da construção está boa. “Os apartamentos não foram entregues porque disseram que os prédios estavam rachando, que quando chovia subia um metro de água no térreo. Não tem rachadura em nenhum prédio. Aqui nunca alagou, ao contrário de todas as ruas fora do condomínio, que enchem”, diz Leandro Antonio Batista, que mora no local há oito meses com a mulher e filho.
Para Anderson Lopes da Silva, a entrada dos moradores no conjunto habitacional é sua chance de ter a casa própria. “Compramos cimento, canos, madeirite e estamos consertando os estragos”, explica o morador que há 10 anos mora no Sambaiatuba, perto dos prédios. O grupo está mantendo o mato cortado e cobrindo a laje dos prédios, que já não tem mais telhas, com lonas. Enquanto não há água encanada as famílias dividem uma única mangueira, que fornece água para todos os apartamentos. “De noite a gente acende vela, ou aproveita a luz do fogão”, conta um morador.
Grupo deve se reunir com vereadores da cidade para tentar
apoio (Foto: Silvio Muniz /G1)
Pelas contas de Luciano, cerca de 2.800 pessoas aguardam um acordo entre a Caixa e a Prefeitura. Enquanto os problemas legais não são resolvidos, os moradores do bairro Jóquei Clube convivem com uma nova rotina. “O dono do supermercado aqui perto disse que vai construir uma ponte para os moradores do condomínio. Mudou tudo aqui. Realmente não só os prédios estavam abandonados, mas todo mundo que mora aqui convivia com os problemas desse descaso”, reforça Antônio Carlos Ribeiro, eletricista de autos que trabalha em uma oficina em frente ao condomínio.
Prédios foram saqueados ao longo dos anos
(Foto: Silvio Muniz /G1)
(Foto: Silvio Muniz /G1)
Em nota, a Caixa Econômica disse que desde a paralisação da obra existem negociações em andamento envolvendo o banco e outros órgãos, inclusive o Poder Público, buscando solução para o empreendimento. A Prefeitura de São Vicente informou que no último dia 14 de fevereiro foi realizada uma reunião com cerca de 30 representantes dos conjuntos Primavera e Penedo.
Na ocasião, Emerson Santos, secretário da Habitação, explicou que seria necessária a desocupação dos apartamentos para que fosse colocado em prática qualquer tipo de ação. Segundo a nota da assessoria de imprensa, todos concordaram em deixar o local no dia seguinte, o que não aconteceu. No mesmo dia seria feito um levantamento sócio econômico das famílias, mas segundo a assessoria a equipe da secretaria foi impedida de entrar no conjunto.
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