Ele será julgado a partir desta segunda (22) pela morte de Eliza Samudio.
Segundo delegado, corpos de dois homens sumiram misteriosamente.
O acusado de ser o executor de Eliza Samudio, ex-namorada do goleiro Bruno Fernandes, pode ter ligação com outros assassinatos, como indicam fotos encontradas na casa dele.
O ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, 50 anos, começa a ser julgado nesta segunda-feira (22), em Contagem (MG).
Um dos indícios da ligação com outros crimes foi encontrado na casa dele, em Vespasiano, durante as investigações do caso Eliza Samudio: uma foto em que dois homens aparecem com cruzes marcadas na testa.
Neste domingo (21), o Fantástico mostrou detalhes de outros crimes que, segundo a promotoria, foram cometidos por Bola e que confirmam o perfil violento dele.
Segundo a acusação, Bola é um matador de aluguel, frio e calculista que guardava até foto das vítimas. "Tudo o que você pensar em termos de maldade que se pode fazer com um ser humano, ele é capaz", afirma José Arteiro, advogado da família de Eliza Samudio.
Imagem da foto encontrada na casa de bola, em Vespasiano (MG) (Foto: Reprodução/TV Globo)
Investigações mostram que o réu é acusado de fazer parte de um grupo de extermínio. "Bola é uma pessoa muito perigosa, que tem um grau de relacionamento dentro da polícia.
Devia, de certa forma, facilitar as ações dele", disse a promotora de Justiça Mirella Giovanetti.
De acordo com o Ministério Público, em 2008, ele e três policiais do Grupo de Resposta Especial (GRE) da Polícia Civil de Minas mataram dois homens: Paulo César Ferreira e Marildo Dias de Moura tinham antecedentes criminais.
As investigações mostram que o duplo assassinato foi no sítio onde Bola treinava policiais, em Esmeraldas, Região Metropolitana de Belo Horizonte. Hoje, não há mais cursos no local.
Segundo a acusação, as vítimas foram algemadas, torturadas e mortas. Depois, o grupo teria cortado os corpos e colocado fogo. Uma nova prova desse crime foi encontrada na casa de Marcos Aparecido, o Bola, durante as investigações do caso Eliza Samudio.
Na casa em Vespasiano, os policiais acharam um papel amassado. Na verdade, era a cópia de uma foto em que aparecem seis homens.
Na imagem, dois deles estão marcados com cruzes na cabeça. Segundo as investigações, eles são Paulo César e Marildo, os mortos em Esmeraldas. Os corpos nunca foram encontrados.
"Os cachorros de Bola teriam violentado essas pessoas ainda em vida e depois esses corpos sumiram misteriosamente.
Então, tem uma dinâmica similar, parecida à dinâmica da morte de Eliza", destaca o chefe do Departamento de Homicídios, Wagner Pinto Souza.
Em julho de 2009, em Belo Horizonte, Bola foi visto praticando um outro assassinato. Desta vez, a vítima era Devanir Alves, um motorista particular de 54 anos.
Segundo uma testemunha, Marcos Aparecido cumprimentou a vítima e, assim que se certificou do nome da pessoa, atirou três vezes.
O homem caiu morto quase na porta de casa e na frente da filha, que na época tinha três anos.
O Fantástico localizou uma parente de Devanir, que não quis se identificar. "Acabou com a vida da família toda. Não precisava fazer isso", disse a parente.
As investigações mostram que Bola foi contratado pelo comerciante Antônio Bicalho. A então mulher de Antônio teria um romance com a vítima.
"Ela fala, jura, que nunca teve nada com esse tal Devanir", diz Antonio Bicalho. Ele afirma que é inocente, vítima de uma armação. "Eu não conheço o Bola. Nunca vi o Bola não", acrescenta.
Segundo o Ministério Público, por causa da fama de matador, Bola foi contratado por R$ 70 mil para executar Eliza e sumir com o corpo dela.
O julgamento
Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão - braço direito de Bruno - já foi condenado nesse caso a 15 anos de cadeia.
O goleiro pegou pena maior, de 22 anos e três meses em regime inicialmente fechado.
Durante o júri, marcado para começar nesta segunda-feira (22), a defesa vai alegar inocência. "Vamos provar a fraude nesse processo, fraudes graves.
Marcos Aparecido está sendo escolhido pra ser réu", disse o advogado Fernando Magalhães. No caso da ex-amante de Bruno, Bola pode ser condenado a 33 anos de cadeia.
A tese de inocência é sustentada também para os outros três assassinatos mostrados na reportagem. "Marcos Aparecido nos diz, nos olhos, olhando, e sentindo, tanto no tom da voz, o seu sofrimento: 'sou inocente de todas as acusações"', afirmou o defensor.
O advogado da família de Eliza, assistente de acusação, adiantou o que vai dizer ao ex-policial, durante o julgamento. "Você é um sujeito que tem que permanecer preso. Você não é gente", disse José Arteiro.
Em juízo, Bola já havia dito que é inocente. "Essa acusação que tá sendo contra o senhor não é verdadeira?", perguntou a juíza Mariza Fabiane Lopes, durante audiência do caso. "Sim. Não é, não é verdadeira", respondeu à época.
A magistrada vai presidir o júri. A previsão é que o julgamento dure três dias, de acordo com o Tribunal de Justiça de Minas Gerais.
Condenações
Quatro réus no caso já foram julgados, três deles condenados e uma absolvida. O Goleiro Bruno Fernandes foi condenado em março pelo júri popular a 22 anos e três meses pelo assassinato e ocultação de cadáver de Eliza e também pelo sequestro e cárcere privado do filho Bruninho.
Dayanne Rodrigues, ex-mulher do jogador, foi absolvida.
Em novembro do ano passado, Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, e Fernanda Gomes de Castro, ex-namorada do goleiro Bruno, também foram condenados por participação nas ações que resultaram na morte da ex-amante do jogador.
Macarrão pegou 15 anos de prisão - pena mínima por homicídio qualificado em razão de sua confissão -, e Fernanda, cinco anos.
Além de Bola, outros dois réus ainda vão ser julgados, Wemerson Marques de Souza, conhecido como Coxinha, e Elenílson Vitor da Silva.
O júri dos dois está marcado para 15 de maio deste ano, também em Contagem (MG).
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