Coordenador diz que ONG sofreu ameaças após incêndio na terça (16).
José Junior acusa pastor Marcos Pereira de estar por trás dos crimes.
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'A
gente denunciou o pastor (Marcos Pereira) como o maior mentor criminoso
do Rio', disse coordenador do AfroReggae (Foto: Glauco Araújo/G1)
Quatro dias após o prédio ser incendiado, José Junior disse que houve ameaças a integrantes da organização.
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"Dessa vez veio uma determinação para fechar o AfroReggae. Se isso não
acontecesse, haveria morte, iriam explodir o prédio e matar as pessoas",
disse Júnior em entrevista coletiva neste sábado, na sede do grupo, no
Centro do Rio.
A ONG, que existe há mais de 20 anos, atuava para intermediar soluções
entre o poder paralelo e a comunidade.
A situação mudou, segundo seu
porta-voz, quando o grupo denunciou o pastor Marcos Pereira, preso pela
acusação de ter estuprado fiéis, a ONG passou a ser ameaçada.
Em entrevista coletiva, José Junior disse que líder
comunitário foi ameaçado (Foto: Glauco Araújo/G1)
comunitário foi ameaçado (Foto: Glauco Araújo/G1)
"A gente denunciou o pastor como o maior mentor criminoso do Rio.
Dissemos que era estuprador, pedófilo e tinha envolvimento com ataques
de 2006 e 2010", disse Júnior.
Segundo ele, entre sexta e segunda, o
departamento jurídico do AfroReggae foi procurado pelo advogado do
pastor, dizendo que tiraria as denúncias contra o coordenador da ONG.
"Na terça (um dia depois) atacaram a pousada.
Sendo que no dia 5, era
prevista a presença de 40 jovens lá dentro, por conta de uma
inauguração.
A minha preocupação é que exista a possibilidade de matar
inocentes".
Júnior disse ainda que "se o crime crime fosse uma empresa, ele [pastor
Marcos Pereira] seria o presidente do conselho e com muita influência.
Ele é um conselheiro, uma pessoa que se beneficia do dinheiro do
narcotráfico, ele é uma pessoa que manipula para ataques.
Não acho que
tenha sido coincidência ele fazer isso nessa época de chegada do papa.
Tem uma coisa de desestabilizar o governo, de chamar a atenção.
Não
estamos falando do bandido da favela, estamos falando de algo muito
maior. Ele continuou mandando, a ter influência muito grande com
criminosos e traficantes famosos. É por isso que tudo está acontecendo
agora."
Há menos de uma semana, a pousada do AfroReggae e a redação do jornal
"Voz da Comunidade" — veículo que ficou famoso por informar em tempo
real o dia a dia da ocupação — foram incendiadas.
Uma pessoa foi presa e
outro acusado será ouvido pelo delegado Reginaldo Guilherme da 22ª DP.
Há suspeitas de que o incêndio tenha sido criminoso.
"Foi uma ação orquestrada, planejada, feita por gente de fora do Alemão
e que tem a ver com as denúncias que venho fazendo sobre determinadas
pessoas.
Desde fevereiro acontecem coisas estranhas com o pessoal do
AfroReggae. É integrante assassinado, tiros na Corrida da Paz e agora
esse incêndio.
Não posso afirmar com 100% de certeza porque não tenho
provas materiais, mas tenho 20 anos de trabalho em favela, com pessoas
que saíram do tráfico e sei que vandalismo não existe.
Na favela, as
coisas acontecem porque alguém manda", desabafou José Júnior,
coordenador do grupo AfroReggae, ao chegar à 22ª DP (Penha), na ocasião.
Segundo Júnior, "muitas das coisas estão acontecendo no sentido de
fragilizar o governo. Ele [pastor Marcos Pereira] tem uma relação
política que basta ver quem ele apoiou como candidatos nas últimas
eleições.
Ele tem poucas igrejas porque o esquema criminoso dele é
enxuto externamente, mas internamente não. Como uma igreja pobre, que se
diz pobre tem um apartamento de R$ 8 milhões e coleção de carros
importados?
Na terça-feira (16), o advogado do pastor Marcos Pereira, Marcelo
Patrício, negou a acusação feita pelo coordenador do AfroReggae, José
Júnior, de que teria envolvimento do ataque à pousada no Alemão.
Ele
afirmou que a declaração é uma forma de tentar sensibilizar o
judiciário, já que o pastor está em vias de ser libertado, após o
processo de coação a que Marcos respondia ter sido anulado.
A reportagem
do G1 procurou o advogado de Pereira neste sábado, mas
até o fechamento desta publicação ele não havia se pronunciado sobre o
caso. "Sempre atuamos na intermdiação de conflitos, para tirar pessoas
da prisão.
Essa foi a única vez que estimulamos a prisão de alguém",
disse Júnior.
Boletim de ocorrência na segunda-feira
José Júnior afirmou que as ameaças serão registradas na próxima segunda-feira (22), na 22ª DP.
Até lá, o coordenador da ONG voltará a se
reunir com integrantes do grupo AfroReggae. Ele garantiu que nenhum dos
mais de 23 funcionários que trabalhavam no Alemão serão demitidos.
Como
haverá um recesso por conta da Jornada Mundial da Juventude, eles serão
realocados em outras unidades do grupo após o feriado religioso.
A unidade, segundo Júnior, atendia 250 jovens, mais os familiares deles
e outras pessoas que eram encaminhadas para programas de
empregabilidade.
O Afroreggae tem uma pousada, um galpão e um prédio no
Alemão. "Todos estão fechados, mas irei lá na segunda-feira ver o que
ficou dentro do prédio. Aquilo lá é do AfroReggae e não vamos vender
nada".
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