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terça-feira, junho 24, 2014

Falta de estrutura faz trabalhador se alimentar ao lado de privada no ES


Todas as lojas do Polo da Glória apresentaram problemas, diz MTE.
Funcionários cobram melhor condição de trabalho no centro varejista.

Juirana NobresDo G1 ES
Para sustentar três filhos, uma vendedora de 26 anos, que não terá o nome divulgado, trabalha em uma loja de roupas há três anos, no Polo de Moda da Glória, em Vila Velha, no Espírito Santo. Diariamente, enfrenta um problema insalubre. 
Ela precisa se alimentar dentro do banheiro, por falta de espaço adequado na empresa. 
Desde novembro de 2013, até a última quarta-feira (18), 118 estabelecimentos comerciais da região foram fiscalizados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e, em todos, pelo menos uma irregularidade foi encontrada. 
Segundo o auditor fiscal do MTE Angelo Anizio Briel, durante as ações de rotina do órgão, trabalhadores foram flagrados se alimentando sentados sobre a privadas. 
Uma reunião com os envolvidos acontece na Assembleia Legislativa do estado (Ales) nesta terça-feira (24).
Para os auditores fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego, a situação da vendedora se repete com milhares de trabalhadores da Glória. 
Na maioria das lojas, falta local apropriado para os trabalhadores tomarem seus alimentos e também guardarem o que levam de casa. 
Os estabelecimentos foram notificados para cumprir as Normas Regulamentadoras do órgão que tratam das condições de meio ambiente do trabalhador, a NR 24. 
Cada loja teve um prazo para se adequar às exigências do órgão.
  
Polo de Moda da Glória

O Polo de Moda da Glória fica no bairro de mesmo nome e é o maior local para comprar atacado ou a varejo no Espírito Santo. 
Segundo a Associação dos Lojistas do Polo (Uniglória), atualmente, estão instaladas mais de 1200 lojas no local, com aproximadamente 10 mil funcionários. 
O presidente da Uniglória, Geilton Costa, afirmou que situações assim são reais porque o local era residencial e, com o tempo, se transformou em referência comercial. “As primeiras lojas começaram a funcionar em 1975. 
Naquela época, a Glória era um bairro comum e, depois, as lojas começaram a surgir nas salas das casas ou na garagem. 
Não houve planejamento e, por essa razão, há falta de estrutura, em alguns casos, de banheiro e em outros, espaço adequado para alimentação”, explicou Geilton.
O presidente do Sindicato dos Comerciários, que representa os trabalhadores, Jakson Andrade, disse que mais de 50 % dos empregados sofrem com a falta de estrutura. “Estamos caminhando juntos, tendo em vista as dificuldades das lojas.De qualquer maneira, os empregados têm seus direitos e, por causa desta falta de planejamento, a nossa classe é a mais prejudicada”, defendeu Jakson.
Irregularidades
As fiscalizações começaram em uma ação de rotina para averiguar assinatura de carteira de trabalho, Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), entre outros possíveis problemas. “Nunca havíamos recebido denúncias a respeito. 
Em uma dessas visitas, nos abalamos muito ao flagrar trabalhadores fazendo refeições dentro de provadores de roupa, outros sentados sobre vasos sanitários e muitos deles dentro de depósitos, sem qualquer preocupação dos empregadores em resolver essas situações que oferecem risco à saúde desses trabalhadores”, relembrou o auditor fiscal Angelo Briel.
Lojas precisam oferecer banheiros por gênero, aponta Ministério do Trabalho e Emprego no Espírito Santo (Foto: Arte/ G1)
Entre as exigências, está a disponibilidade de banheiros feminino e masculino para funcionários nas lojas, além de bebedouros e área para refeições em todos os estabelecimentos. 
Em alguns casos,bebedouros de água foram instalados dentro dos banheiros. 
O vendedor Deivid Moreira, de 28 anos, relatou ao G1 que na loja onde trabalha tem apenas um banheiro e, com essa determinação, ele tem medo de perder o emprego. “Trabalho aqui há quatro anos. 
Se eu não puder dividir o banheiro com as meninas, eu poderei ser demitido. 
Acredito que os meus chefes não construirão outro banheiro na loja. 
Será mais fácil trabalhar apenas com homem ou com mulher do que mexer na estrutura do estabelecimento”, relatou o trabalhador.
O proprietário de uma loja de roupas infantis, Rafael Hoffman, de 27 anos, disse que há 11 anos possui o estabelecimento e nunca foi notificado por não ter espaço para a única funcionária se alimentar. 
Ele disse que sempre contrata pessoas que moram próximo à Glória para que possam ir até em casa almoçar. “Se a vendedora não quiser ir para casa, o jeito é comer dentro do banheiro mesmo. 
Permitir que coma na frente dos meus clientes, eu não aceito”, afirmou o comerciante.
Lojas precisam oferecer espaço ou refeitório para alimentação no Espírito Santo (Foto: Arte/ G1)
Negociações
Após as notificações, um grupo foi formado para buscar soluções para as exigências feitas pelo órgão. 
Integram esse grupo a Associação dos Lojistas do Polo de Moda da Glória (Uniglória), o Sindicato dos Comerciários, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e a Prefeitura de Vila Velha.
Em entrevista ao G1, o presidente da Uniglória - órgão que representa os lojistas - Geilton Costa, disse que a construção de banheiros e refeitórios para cada loja será inviável. “Algumas lojas são pequenas demais e não comportam tais instalações. 
Estamos estudando maneiras para atender às normas”, explicou Geilton.
Entre as soluções apontadas pelo grupo estão a instalação de mictórios e a utilização de banheiros coletivos para um grupo determinado de lojas. 
Quando o assunto se refere aos refeitórios ou locais para alimentação, a ideia é fazer parceria com grandes empresas que já possuem este espaço. “Nossa primeira opção foi firmar uma parceria com um shopping na Glória e com a Chocolates Garoto para também ceder os refeitórios aos nossos funcionários. 
Acredito que não seria problema para estas empresas”, defendeu o representante das lojas. As possibilidades em questão ainda estão em fase de análise.
Procurada, a Chocolates Garoto informou que ainda não foi informada oficialmente por nenhum órgão acerca do assunto em questão. 
A empresa disse ainda que vai aguardar uma formalização da proposta para poder se pronunciar.
Nos abalamos ao flagrar trabalhadores fazendo refeições dentro de provadores de roupa, sentados sobre vasos sanitários e muitos deles dentro de depósitos"
Auditor fiscal do MTE,  Angelo Anizio Briel
O presidente do Sindicato dos Comerciários, Jakson Andrade, disse que acompanha de perto todas as reuniões e discussões. 
A próxima rodada de negociações está prevista para esta terça-feira (24), na Assembleia Legislativa, em Vitória. “A situação dos trabalhadores precisa melhorar. 
Do jeito que está não dá mais. Eles precisam ter o mínimo de condições possíveis”, afirmou Andrade.
O subsecretario de Desenvolvimento Econômico da Prefeitura de Vila Velha, Ney Coimbra, disse que esta discussão é particular e de responsabilidade de cada empresário. 
Ney explicou que, de qualquer maneira, a prefeitura vem acompanhando o assunto de forma paralela. “Não temos como interferir nas lojas, cada comerciante precisa dar repostas para cada caso. 
O que fazemos é participar paralelamente das reuniões e ajudar a discutir as alternativas. A função da prefeitura é cuidar das áreas externas da Glória com as questões de acessibilidade e posturas. 
Mas se tiver ao alcance da gente, vamos ajudar”, disse o Ney Coimbra.
Comerciantes instalam bebedouro dentro de banheiro na Glória, Espírito Santo (Foto: Divulgação/ Ministério do Trabalho e Emprego)Comerciantes instalam bebedouro dentro de banheiro
(Foto: Divulgação/ Ministério do Trabalho e Emprego)
Dignidade humana

Para o auditor fiscal do MTE, Angelo Briel, os funcionários não denunciam esta situação, descrita na reportagem, por medo de perder o emprego. “Esses trabalhadores dependem dos empregos para sobreviverem. 
Têm famílias e filhos para alimentarem e cuidarem. 
Nos dias de hoje, o empregado que denuncia, geralmente perde o emprego, apesar de o nome deles não ser divulgado, pois as fiscalizações ocorrem como se fosse de rotina, justamente para resguardar o nome do denunciante”, explicou.
O presidente do Conselho Estadual de Direitos Humanos, Gilmar Ferreira de Oliveira, disse que está indignado com o fato. “Os donos das lojas trabalham exclusivamente com a lógica do lucro e ignoram a dignidade humana. 
Esse tipo de tratamento dado no interior das fábricas e lojas significa que uma parte do sistema de produção capitalista brasileiro não tem a mínima sensibilidade para princípios básicos. 
O que está acontecendo viola as leis dos direitos humanos e merece o repúdio. 
Esperamos esclarecimento rápido e eficaz para suprimir esse tipo de trabalho”, destacou Gilmar.
Polo de Moda da Glória tem mais de 10 mil funcionários em Vila Velha, Espírito Santo. (Foto: Juirana Nobres/ G1 ES)Polo de Moda da Glória tem mais de 10 mil funcionários em Vila Velha (Foto: Juirana Nobres/ G1 ES)

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