Australiano é primeiro caso de condenação devido a
programa com falsas crianças online, conduzido por ONG holandesa.
Operadores se passavam por meninas filipinas para atrair criminosos (Foto: BBC) |
Um australiano se
tornou nesta terça-feira (21) o primeiro homem condenado por pedofilia como
resultado de uma operação que usou uma armadilha virtual, na qual um
funcionário de uma organização de caridade fingiu ser uma menina de dez anos
das Filipinas.
Scott Robert
Hansen, o australiano acusado, é um criminoso sexual já registrado na
polícia.
Ele admitiu culpa
por três crimes durante uma audiência no Tribunal Distrital de Brisbane, no
leste do país.
Hansen admitiu o
envio de fotos obscenas dele para a menina virtual, chamada Sweetie (“docinho”,
em tradução livre do inglês) e posse de imagens de abuso sexual infantil em seu
computador.
Por fim, ele
reconheceu ter desobedecido as ordens estabelecidas pelas autoridades para
criminosos sexuais como ele.
O australiano foi
condenado a dois anos de prisão com suspensão dos efeitos da sentença – ou
seja, ele só deverá ir para a cadeia se cometer algum crime mo período de
condenação.
Além de Hansen,
também foram divulgados dados de mil homens que entraram em contato com a
criança falsa.
Os detalhes deles
foram enviados para polícias de 71 países.
Estes homens tinham
oferecido dinheiro a Sweetie para que ela realizasse atos sexuais em frente a
uma webcam.
Dialógos:
A BBC News obteve
os registros das conversas entre Hansen e Sweetie. As respostas eram dadas por
uma pessoa fingindo ser a menina.
Nas conversas,
Hansen perguntou se Sweetie era realmente uma criança e se já tinha visto um
homem nu.
O australiano
chegou a realizar um ato sexual em frente à webcam de seu computador
acreditando que uma menina de nove anos estava assistindo.
A Justiça
australiana afirmou que o fato de Sweetie não ser real é irrelevante para a
condenação de Hansen, já que "se você acredita que era uma menina de nove
anos, então a lei" precisa ser cumprida.
O chefe da operação
- realizada pela ONG holandesa Terre des Hommes -, Hans Guyt, afirmou que ele e
os colegas na organização sempre esperaram que a informação levantada por eles
fosse usada por polícias do mundo para capturar os criminosos.
E acrescentou que a
polícia precisa ser mais proativa, pois a única forma "de encontrar estas
pessoas é patrulhar a internet".
Uma equipe de
quatro pesquisadores da ONG trabalhou no projeto durante dez semanas em 2013,
se passando por meninas filipinas em salas de bate-papo na web.
Em algumas ocasiões
eles até usavam um avatar computadorizado, que mostraram aos homens pela
webcam.
'Pesadelos'
A BBC News
conversou com um dos operadores do programa que tiveram contato direto com os
pedófilos.
Ele pediu que seu
nome não fosse divulgado.
"Alguns dos
homens com quem interagimos me deram pesadelos, literalmente", disse.
O operador ouvido
pela BBC conversou com Scott Hansen.
"Ele era muito
direto, em um momento ele pediu para envolver a irmã de oito anos
fictícia.
Foi muito difícil
dormir à noite depois de interagir com alguém como Hansen", afirmou.
O operador está
orgulhoso de ter participado de alguma forma na condenação de Hansen, mas
gostaria que mais pedófilos fossem condenados.
Durante o período
em que o projeto funcionou, dezenas de milhares de homens entraram em contato
com a equipe da Terre des Hommes.
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