Investigações mostram que mãe colocou veneno no sorvete.
Cristiane é acusada por tentativa e homicídio triplamente qualificados.
Cristiane Coelho foi encaminhada para o presídio feminino (Foto: TV Verdes Mares/Reprodução)
Antes, ela foi levada para a Perícia Forense do Ceará (Pefone) para passar por exame de corpo de delito.
Cristiane Coelho se apresentou à Justiça na tarde de sexta-feira (8) e ficou o fim de semana detida na Delegacia de Inteligência da Polícia. Ela é acusada também de tentar matar o marido, o subtenente do Exército Brasileiro Francileudo Bezerra Severino.
Segundo o promotor de Justiça Humberto Ibiapina, em um prazo de 90 dias, devem ser ouvidos os depoimentos de testemunhas de defesa e acusação.
Após esse prazo, a Justiça deve decidir se Cristiane Colho vai ser levada ou não a júri popular.
Se condenada, ela pode pegar até 30 anos de prisão.
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Cristiane Coelho teve a prisão preventiva decretada na terça-feira (5), pela juíza Daniela Lima da Rocha, que está respondendo pela 3ª Vara do Júri.
A juíza também determinou a quebra de sigilo do perfil social em rede social (Facebook) e de e-mails da acusada e da vítima Francileudo Bezerra, relativo ao período de julho de 2013 a janeiro de 2015.
A juíza entendeu que o "interesse público deve se sobrepor à proteção constitucional do sigilo individual, para aferição de possível coautoria do delito".
Na decisão, a juíza ressaltou que os laudos periciais somados aos depoimentos e acareações "demonstram, sem margem de dúvida, a materialidade delitiva, prova de onde também exsurgem mais do que indícios de que Cristiane Renata Coelho Severino utilizou-se de veneno para rato, conhecido popularmente por chumbinho, para ceifar a vida do filho e tentar contra a vida do marido”.
Cristiane Coelho foi indiciada no dia 27 de abril por tentativa de homicídio triplamente qualificado contra o então marido, o subtenente do Exército Francileudo Bezerra e por homicído triplamente qualificado do filho.
Com a decisão, Cristiane passou à condição de ré em ação penal e tem prazo de 10 dias para apresentar a defesa das acusações.
Entre os agravantes dos crimes estão motivo torpe, com emprego de veneno, com recurso que torna impossível a defesa, além da vítima ser criança e filho de Cristiane.
O crime:
Na madrugada de 11 de novembro de 2014, o subtenente do Exército Francileudo Bezerra e seu filho Lewdo Bezerra ingeriram veneno para rato conhecido como "chumbinho".
A substância foi encontrada no sifão da pia da cozinha da casa do casal.
O pai ficou internado durante 32 dias no Hospital Geral do Exército, em Fortaleza, dos quais em coma por uma semana, e se recuperou.
O militar chegou a ser apontado como suspeito de homicídio, porque no primeiro depoimento a mulher, Cristiane, contou à polícia que ele tinha matado o filho com tranquilizantes e tentado se matar, além de agredi-la.
"A Cristiane, que dizia ter sido espancada pelo marido, matou o filho envenenado fazendo uso de sorvete de morango.
Não há mais dúvida", afirmou o delegado Wilder Brito, presidente do inquérito.
Cristiane Coelho é presa em Fortaleza; ela é suspeita de matar o filho com sorvete envenenado (Foto: TV Verdes Mares/Reprodução)
O pessoal do Exército, os militares, têm um seguro e ela seria a principal beneficiária.
Além disso, além do seguro, ela seria pensionista do Exército, ela não precisaria trabalhar, todo mês o dinheiro ia cair na conta dela”, disse Francileudo Bezerra, em entrevista.
Investigação:
A perícia realizada nos equipamentos eletrônicos usados pelo casal - como notebooks e celulares-, aponta que a mãe da criança fazia pesquisas na internet sobre como envenenar pessoas com chumbinho desde o dia 29 de outubro.
"Ela pesquisou como matar uma pessoa envenenada, de como seria a dosagem (...).
O tempo para matar uma pessoa envenenada dura de 30 minutos a duas horas, dependendo da dosagem, do aspecto físico da pessoa.
No caso da criança, é de 30 minutos.
Ela estudou tudo isso durante o período em que ela dizia que estava dormindo", diz.
Polícia constatou pesquisa sobre veneno no computador da mãe (Foto: TV Verdes Mares/Reprodução)
O documento detalha os termos de busca: "quanto tempo leva para morrer quem ingeriu chumbinho?"; "abordagem dos envenenamentos e das dosagens excessivas de medicamentos"; "matou mulher e ingeriu chumbinho"; "menina de 12 anos morre após ingerir chumbinho em Paulista"; "os elementos da morte" e "suicídio".
"Com a extração dos primeiros dados, nós percebemos que ela também ficou em redes sociais após a morte do filho, discutindo com os internautas, com as pessoas que estavam em uma rede social.
Ela montou uma estrutura de defesa para ela.
Mas se ela era a vítima, porque aquele comportamento sempre de defesa?”, questiona o delegado.
De acordo com Wilder Brito, o planejamento do crime começou em junho de 2014.
Depois de cinco meses, o delegado Wilder Brito não tem dúvidas de que a mãe é responsável pelo assassinato do filho de 9 anos.
"Não há uma prova, é um conjunto de provas que demonstra cabalmente que fica impossível a defesa fazer contestações (...). Cada laudo complementa o outro", explica o delegado.
Guarda do filho mais novo:
Logo após o crime, Cristiane Coelho foi embora para o Recife, em Pernambuco.
Ela levou o filho mais novo de 7 anos, e, desde então, o pai não manteve contato com a criança.
Decisão da juíza Ana Paula Feitosa de Oliveira, titular da 16ª Vara da Família de Fortaleza, em 24 de abril, retirou a guarda da criança da mãe e transferiu para o pai, Francileudo Bezerra.
No dia 28, ele foi buscar a criança na capital pernambucana e o trouxe de volta para Fortaleza.
Francileudo Bezerra já deu entrada no pedido de divórcio.
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