Governador Simão Jatene |
É inegável que vivemos tempos difíceis. O País vive uma grave crise fiscal, que as falas oficiais já não mais escondem e que se reflete nas contas dos Estados e no visível empobrecimento das cidades e dos municípios.
A economia apresenta fortes sinais de retração, e a redução do produto por habitante, somada ao desemprego e a inflação, assombra ricos, machuca pobres e desfaz as chamadas classes médias. Mas o que parece mais grave é a progressiva e aparentemente incontrolável destruição de princípios e valores que atinge a todos e dificulta encontrar saídas duradouras.
A crise ética e moral, que parece estar acabando com qualquer trava social, banalizando todo e qualquer comportamento, por mais absurdo que seja.
Não me refiro apenas ao "petrolão" ou escândalos do gênero, que tem ocupado a mídia nacional e até internacional. Me refiro a completa quebra de correspondência entre direitos e deveres.
Me refiro ao oportunismo sem limite que parece estar dominando as relações mais simples do cotidiano. Me refiro à absoluta falta de compromisso com a verdade, ou qualquer preocupação com o exemplo. Me refiro à total, completa e absoluta falta de limites.
Falta de limites que se manifesta, inclusive, quando veículos de comunicação, frutos de concessão pública, como emissora de rádio e canal de televisão, além de integrarem um patrimônio questionado, servem de escudo e instrumento político para um grupo familiar, que, a pretexto de denunciar violência, não se envergonha de alimentar e se alimentar da própria violência, mentindo, distorcendo, omitindo, chegando muitas vezes a usar a dor e sofrimento alheio, como se tal comportamento, por si só, já não fosse uma violência.
Amigas e amigos,
Só não vê quem não quer a descarada campanha, que o conhecido grupo vem fazendo, ao aproveitar tristes fatos que marcam a atual realidade brasileira, para tentar fazer crer que a violência que assusta o País é uma questão particular do nosso Estado.
Chega a agredir a inteligência de qualquer observador, o oportunismo e a irresponsabilidade com que tratam uma das mais graves questões do momento, como bem atesta o debate sobre a redução da maioridade penal, para citar apenas um exemplo. Por que será que este tema virou assunto nacional? Será que foi por causa do Pará? Não!
Mais uma vez desmentindo o já desacreditado grupo político, que tenta de todas as formas manipular a população, tal fato é demonstração cristalina e evidente que a questão da violência, lamentavelmente, se tornou uma doença nacional.
Tal constatação não retira nem diminui nossa responsabilidade, pelo contrário, aumenta. Entretanto, ajuda também a compreender nossas possibilidades e limites, fortalecendo a percepção de que só a cooperação honesta e sem politicagem entre União, Estados e Municípios, apoiada numa forte colaboração da sociedade, pode nos levar a bons resultados.
Exemplos da responsabilidade conjunta não faltam e basta recordar o crescente número de ocorrências violentas envolvendo armas de fogo, mais de uma década após a aprovação do Estatuto do Desarmamento, que, indiscutivelmente, dificultou a aquisição legal de armas.
Como explicar a crescente circulação e apreensão crescente desse tipo de arma sem colocar em pauta, também, o controle das fronteiras, que sabidamente extrapola a competência do Estado.
Amigas e amigos,
O Mapa da Violência, por exemplo, destaca que o Brasil, para nossa dor, é o 11º país com maior número de homicídios, entre os dados levantados de 90 países (Tabela 9.1, página 87, disponível em http://www.mapadaviolencia.org.br/pdf…/mapaViolencia2015.pdf).
Do mesmo modo, o Pará, apesar de ter registrado uma redução no número de homicídios por cem mil habitantes, ainda apresenta números muito elevados, como bem demonstram os estudos nacionais elencados a seguir.
Em 2010, segundo o Mapa da Violência de 2013 (página 20, disponível em http://www.mapadaviolencia.org.br/…/MapaViolencia2013_armas…), o Pará ocupava a terceira posição entre as Unidades da Federação, com 34,6 óbitos a cada cem mil habitantes.
Já em 2012, último ano que permite comparação entre estados, segundo o estudo de 2015, lançado recentemente (Pág. 31, disponível em http://www.mapadaviolencia.org.br/pdf…/mapaViolencia2015.pdf), este índice caiu para 28,8, permitindo que o Pará deixasse a terceira para a décima colocação.
Mesmo assim, não há o que se comemorar. E os fatos recentes que só não entristecem aqueles que fizeram do vale-tudo a forma para manter ou obter poder e dinheiro, mostra que temos que estar alerta e recorrendo a intensificação de ações, que mesmo não alcançando as causas da violência - que vão além do aparato policial e de segurança-, reduzem sofrimento e dor.
O enfrentamento do problema com a seriedade necessária se dá em diferentes campos, e é inegável que estamos buscando trabalhar em todos eles.
No que se refere ao efetivo das polícias, aprovamos lei que garantisse sua ampliação, realizamos concurso, admitimos mais de 2 mil novos policiais, trabalhamos a questão das promoções e melhoramos substancialmente a remuneração.
Agora, estamos em fase de licitação de novos concursos. E enquanto isso se realiza, autorizamos a chamada de policiais da reserva para um reforço emergencial.
Também quanto à estrutura, equipamentos e logística, ampliamos e substituímos a frota por carros mais potentes e confortáveis, ampliamos o número de helicópteros e lanchas, além de adquirirmos um avião para transporte da tropa.
Sem falar nas inúmeras unidades construídas e em construção e na individualização do armamento para os policiais militares.
Avançamos também na linha da prevenção, ampliando e estruturando o Propaz, que, cada vez mais, aumenta sua capacidade de atuação e abrangência, sendo hoje, inclusive, uma experiência de política pública reconhecida por organismo da ONU (Organização das Nações Unidas), em relatório recente.
Amigas e amigos,
Certamente tudo é pouco diante da gravidade e sensibilidade da questão, mas não podemos admitir que aproveitadores, inconformados com a derrota no último pleito e sempre de olho no próximo, usem um momento delicado e a dor das pessoas, para confundir, manipular, denegrir a imagem do Estado e destruir a autoestima da nossa gente, na velha aposta do quanto pior / melhor.
Não!
Que o tempo e a vida contribuam para que eles percebam que sua derrota nas eleições se deve a sua própria história e comportamento, e não a mim e ao povo paraense.
Quem, verdadeiramente, pretende um mundo melhor, tem que procurar ser melhor pro mundo.
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