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sábado, julho 25, 2015

O perigo é a China, não a Grécia


  A queda violenta da Bolsa de Xangai nos últimos dias mostra fragilidades na economia chinesa.

Se não forem consertadas, provocarão estrago no Brasil 

Quem costuma se deslumbrar com o crescimento e a capacidade de execução do governo na China teve, na semana passada, uma amostra instrutiva do que significa investir num ambiente não democrático. 

Assustado por uma queda prolongada nos valores das ações, mesmo depois de tentar injetar dinheiro no mercado para puxá-los para cima, o governo chinês jogou bruto com os investidores. Proibiu acionistas com fatias superiores a 5% nas companhias de vender suas ações pelos próximos seis meses. 

A autoridade do setor, a Comissão Reguladora de Valores Mobiliários, afirmou que será rígida na fiscalização da determinação. Grandes companhias chinesas vieram a público afirmar que não venderão ações. 

A polícia começou a investigar o que considera operações suspeitas e prendeu um homem por difundir histórias de suicídio de investidores. 

A decisão de comprar ou vender, que deveria ser tomada de acordo com as estratégias de cada um, ganhou matizes de cumprimento de dever cívico ou de flerte com a traição. 

O vigor da reação mostra quanto o governo autoritário da China se preocupa com o cenário.

O bom-senso manda que o Brasil se preocupe também.
 

Dilma Rousseff  e o líder chinês, Xi Jinping (Foto: Roberto Stuckert Filho/PR)

As fragilidades na economia chinesa vêm sendo apontadas há anos. 

O episódio que culminou há duas semanas tornou-se o maior e mais recente indício da existência de problemas. 

O índice da Bolsa de Xangai, o principal do país, atingiu um pico em 12 de junho e, a partir daí, entrou em queda livre, num mergulho que durou até a quarta-feira, dia 8. 

Despencou mais de 30% nesse período.

Na quinta-­feira, a Bolsa voltou a subir, numa arrancada da ordem de 6%, exagerada como quase tudo o que diz respeito à China.

 A despeito do susto, o índice da Bolsa de Xangai ainda registra valorização da ordem de 80% nos últimos 12 meses (no mesmo período, os índices nos Estados Unidos não chegaram a 5% e o Ibovespa, do Brasil, avançou menos de 1%). 

Parte do efeito montanha-russa interessa especificamente aos chineses e a quem investe lá. 

Tem a ver com as oscilações naturais de um mercado ainda não maduro, pouco transparente e repleto de pequenos investidores empolgados com a chance de enriquecimento rápido. 

Mas o efeito montanha-­russa tem outro aspecto, mais profundo, que interessa a todos.

A economia chinesa ainda é fortemente influenciada pela atuação de empresas estatais nem sempre orientadas pela melhor lógica de negócios e por um mercado de crédito paralelo, fora da supervisão do governo.


 O valor total de mercado das companhias listadas nas Bolsas chinesas cresceu 68% entre maio de 2014 e maio deste ano. 

A valorização não ocorreu pelo aumento no número de companhias listadas, que ficou praticamente estável.

O fenômeno tem cara de bolha – um inchaço dos valores das empresas, sem correspondente em seus resultados nem em suas expectativas. 

O governo chinês teve papel nisso. 

Ao incentivar obras desnecessárias e bombear crédito para o mercado de imóveis, sem a devida avaliação de risco, pode ter inflado a bolha.

A China é o maior parceiro comercial do Brasil, destino de pelo menos um quinto do total exportado. 


Ao longo dos anos 2000, o crescimento brasileiro foi impulsionado por uma combinação benfazeja de preço alto das principais mercadorias que vendemos – soja e minério de ferro – e da necessidade chinesa de comprá-­las, para sustentar seus trepidantes processos de crescimento e urbanização.

Nesta década, porém, o cenário mudou muito, e para pior. 

Além de as matérias-primas terem barateado, a China passou a desacelerar e a se programar para novas desacelerações no futuro.

O crescimento chinês está, atualmente, em 7% ao ano. Há consenso de que ele cairá nos próximos anos, e os mais pessimistas afirmam que se encaminhará para níveis baixos como 3%.

 Mesmo uma queda muito menor poderá ter efeito ruim sobre o Brasil, se ocorrer rápido demais.

A presidente Dilma Rousseff e o líder chinês Xi Jinping se encontraram recentemente na cúpula dos Brics em Ufa, na Rússia. 


Dos cinco grandes países subdesenvolvidos que compõem o grupo, somente a Índia se encontra em  boa situação econômica. 

A China é o parceiro crucial para o Brasil. 

Precisará administrar a passagem de um ciclo de forte crescimento para outro, mais moderado, e menos dependente de exportação industrial. 

Para o bem do Brasil, é bom que os chineses sejam mais competentes em consertar a economia deles do que nós temos sido em consertar a nossa.
Gráfico sobre a queda da bolsa chinesa (Foto: época ) 




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