Grupo LGBT pede inclusão do termo e evangélicos criticam medida.
Pista da esquerda do Viaduto Jacareí foi interditada pelos manifestantes
Carro
de som com ativistas dos movimentos católico (à esquerda) e LGBT (à
direita) participam da manifestação em frente à Câmara Municipal de São
Paulo nesta terça-feira (Foto: Roney Domingos/G1)
Dois grupos distintos protestaram por causa da votação do Plano Municipal da Educação.
Depois, os manifestantes ocuparam as galerias da Casa para acompanhar a votação do plano.
Saiba mais:
O primeiro grupo é formado pelo movimento LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais).
Eles defendem a inclusão do termo gênero nas escolas paulistanas.
A cartunista Laerte também estava presente.
Já o segundo grupo, formado por evangélicos do Movimento Cristão, é contra inclusão do termo gênero.
Os grupos foram separados por gradis na rua e o tráfego de veículos segue pela pista da direita do viaduto Jacareí.
Por volta das 12h, o protesto era pacífico.
Mas, de acordo com informações do SPTV, mais cedo, os dois grupos teriam gerado uma confusão e invadido o saguão do Palácio Anchieta.
Dois caminhões de som, um dos católicos, outro dos LGBT, emitem simultaneamente discursos antagônicos e com trocas de acusações.
Os católicos gritam palavras de ordem como "família, sim, gênero, não".
O padre Paulo Ricardo pede aos católicos para permanecer do lado de fora enquanto a votação acontece dentro da Câmara.
Um grupo de 80 militantes católicos e outro grupo de 80 militantes LGBT entraram por volta das 15h para acompanhar a votação nas galerias.
A Polícia Militar não divulgou estimativa do número de manifestantes no Viaduto Jacareí.
Cartunista
Laerte participa do protesto devido à votação do Plano Municipal da
Educação na Câmara Municipal de São Paulo (Foto: Roney Domingos/G1)
O projeto que vai a votação nesta terça-feira é o substitutivo da Comissão de Finanças e Orçamento, sem a palavra gênero.
A discussão sobre gênero chegou a ser incluída pela Comissão de Educação e acabou excluída pela Comissão de Finanças após pressão de religiosos, que se opõem à discussão sobre homossexualidade na escola.
O vereador Eduardo Tuma (PSDB) contrário à questão de gênero, foi vaiado pelo público LGBT e aplaudido pelos católicos.
O professor e vereador Eliseu Gabriel (PSB), da Comissão de Educação, disse que o plano é um dos pontos mais importantes em votação pela Câmara.
Ele se posicionou a favor da tolerância e destacou que o PME não se resume à questão de gênero.
"O que nós vamos votar hoje é a versão da Comissão de Finanças e depois faremos grande esforço pelo consenso, por um só substitutivo."
Gabriel disse que o plano é para dez anos, no mínimo.
"Tem que ter um plano de longo prazo.
O grande eixo é a qualidade.
Tem uma série de metas de qualidade, como por exemplo redução do número de alunos por classe", afirmou.
Relator do projeto na Comissão de Educação, o vereador Toninho Vespoli (PSOL) defendeu aumento da verba destinada à educação nos próximos dez anos.
"Enquanto não aumentarmos a verba para educação, não teremos educação de qualidade", afirmou.
Vespoli disse que nada mais fez do que transpor para o plano municipal as metas do plano nacional, formuladas pelo ex-ministro da Educação e atual prefeito de São Paulo, Fernando Haddad.
"Espero que o ex-ministro Haddad cumpra as metas que ele mesmo estipulou", afirmou.
Vespoli condenou a pressão de religiosos contra a questão de gênero no PME, disse que essa pressão pode gerar exclusão e preconceito contra gays e lésbicas nas escolas e atribuiu a preocupação dos religiosos à ignorância.
"Sou católico, mas quem me representa é o Papa Francisco", afirmou.
Rubens Calvo (PMDB) foi vaiado pelo público LGBT e disse que pararia de falar enquanto fosse hostilizado pela galeria.
Ele foi ofendido por uma pessoa que acompanhava a discussão e respondeu ao xingamento.
O vereador quebrou um copo ao ser interrompido pela plateia.
O grupo LGBT ficou de costas enquanto o vereador falava, em sinal de protesto.
O vereador Ricardo Nunes (PMDB), favorável à exclusão da palavra gênero do PME, disse que a questão de gênero ficou fora do Plano Nacional de Educação e da maioria dos planos estaduais e municipais.
"É inequívoco que tem pessoas usando a questão de gênero para fazer aquilo que a sociedade brasileira não aceita, que é tirar o direito da família de educar", afirmou.
"Vou votar contra a ideologia de gênero convicto, de alma lavada", afirmou.
Manifestação que pede discussão de gênero em plano de educação (Foto: Warley Leite/Brazil Photo Press/Estadão Conteúdo)
Manifestantes fazem ato na Câmara de SP (Foto: Leonardo Benassatto/Futura Press/Estadão Conteúdo)
Grupos LGBT e evangélicos ocupam galeria da Câmara Municipal de SP (Foto: Roney Domingos/G1)
Manifestação por Plano Municipal de Educação interdita via em frente à Câmara (Foto: Reprodução TV Globo
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