Recomendação prevê que rejeitos sejam reaproveitados progressivamente.
Decisão foi motivada pelo desastre ocorrido em Mariana no ano passado.
Imagem aéra mostra a lama no Rio Doce em Resplendor, no Espírito Santo,
após rompimento de barragens em Bento Rodrigues, em Minas Gerais (Foto:
Fred Loureiro/Secom ES)
O Ministério Público Federal de Minas Gerais (MPF) recomendou ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) que aprove planos de mineração com destinação ecológica de resíduos.
O Plano de Aproveitamento Econômico (PAE) é um documento obrigatório para o funcionamento de lavras de minério de ferro.
A decisão do MPF foi motivada pela tragédia provocada pelo rompimento da barragem de Fundão, pertencente à Mineradora Samarco, em Mariana, na Região Central de Minas Gerais.
O desastre aconteceu no dia 5 de novembro, destruindo o distrito de Bento Rodrigues, deixando centenas de desabrigados.
Dezenove pessoas morreram.
O último corpo a ser encontrado foi o de Ailton Martins dos Santos, de 55 anos. Ele foi localizado no dia 9 de março. O corpo de Edmirson José Pessoa, de 48, funcionário da Samarco, ainda está desaparecido.
A lama gerada pelo rompimento atravessou o Rio Doce e chegou ao mar do Espírito Santo.
No percurso do rio, cidades tiveram de cortar o abastecimento de água para a população em razão dos rejeitos.
De acordo com o procurador Eduardo Henrique De Almeida Aguiar, o “ aproveitamento dos resíduos sólidos da mineração é fundamental para o desenvolvimento sustentável, uma vez que reduz o custo ambiental da atividade”.
A recomendação diz que o DNPM deve exigir que o empreendimento providencie o reaproveitamento progressivo de resíduos, começando com 5% em 2016 até atingir os 70% em 2025.
“A lavra que não preveja em seu processo a destinação ambientalmente adequada dos resíduos da mineração é prejudicial ao interesse público, uma vez que não observa os princípios constitucionais relativos à preservação do meio ambiente como os princípios do desenvolvimento sustentável e da prevenção do dano ambiental”, defende o procurador da República Eduardo Henrique de Almeida Aguiar, que integra a força-tarefa.
Para o MPF, os rejeitos podem ser aproveitados na construção civil, como brita, cimento, tijolos e revestimentos.
O DNPM informou que a recomendação já está sendo analisada.
O órgão tem menos de 10 dias úteis para se manifestar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário