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domingo, maio 22, 2016

Fernando Henrique Cardoso: "Os políticos estão desconectados"


Relato histórico dos anos 1990, os diários do presidente FHC tornam-se atuais ao mostrar que governar hoje é ainda mais complicado que no passado

 

GUILHERME EVELIN, JOÃO GABRIEL DE LIMA E MARCELO MOURA
20/05/2016 - 20h32 
 
 
ÉPOCA – Em seu livro, o senhor descreve o PMDB como um “partido ‘hamletiano’”, que não decidia entre ser ou não ser governo...

Fernando Henrique Cardoso – Até aqui, foi.


ÉPOCA – Um partido dividido, que desde 1994 não tem candidatos à Presidência, pode dar rumo ao país?

FHC – Como foi dado esse rumo no Plano Real? 


Não veio dos partidos. 

Veio por consciência da sociedade, expressa por certas pessoas. 

Os partidos, em qualquer lugar, são envolvidos pela prática do exercício do poder, que exige permanente negociação. 

Hoje há uma certa convergência sobre o que deve ser feito. 

Não tanto sobre como deve ser feito, mas todo mundo sabe que não se pode deixar a situação fiscal como está. 

Nessa circunstância, o país vai clamar por um certo rumo. 

Não é tanto o PMDB, o PSDB ou qualquer outro partido que vai definir. 

É preciso que o presidente da República perceba o sentido geral das coisas, para onde vai a sociedade, e ajude a tocar.

ÉPOCA – Seu livro descreve Michel Temer como “uma pessoa correta, mas que é tímido e não mostra muita audácia”. 

É a pessoa certa para a Presidência? 

FHC – Conheço Temer há muitíssimos anos. 


Quem assinou a ficha dele no MDB fui eu, nos anos 1970. 

Ele era professor de Direito Constitucional da PUC. 

Portanto, tem uma certa compostura, o que dá essa sensação de ser um pouco tímido, educado. 

Cerimonioso. 

O que ele vai ter de demonstrar agora é se tem pulso. 

Ele não esteve na posição de tocar adiante as coisas maiores do Brasil. 

Agora está. 

Em muitos momentos, a circunstância força as pessoas a se superar. 

Digo isso com referência a mim mesmo. 

Quando virei ministro da Fazenda, foi um choque para mim. 

Se fossem me analisar àquela hora, diriam: “É educado, não tem audácia”... (risos).

ÉPOCA – Temer nomeou para o ministério sete investigados. 

Não nomeou mulheres ou negros. 

Falta sensibilidade para entender em que tempo vivemos?

FHC – Vi um comentário, talvez maldoso, dizendo que “a fotografia é retrô”. 


De fato é possível. 

Mas quem tem? 

Pouca gente tem essa sensibilidade afinada com o que é o Brasil. 

Não é só o Michel. 

O sistema político está defasado dos anseios da sociedade. 

A um ponto tal que alguém me perguntou qual poder está na frente: Executivo, Legislativo ou Judiciário. 

É o Judiciário. 

Isso é paradoxal.

ÉPOCA – O paradoxo é que os que não foram escolhidos por voto direto representam melhor o povo?

FHC – Exatamente. 


Faz algum tempo que é assim. 

Por que há tanta má vontade com os políticos? 

Por isso. 

Porque estão desconectados da sociedade.

O time da economia para salvar o Brasil
Marcos Nobre: “Temer, como presidente do Brasil, será o presidente do PMDB”.
 

ÉPOCA – Barack Obama, nos Estados Unidos, e Justin Trudeau, no Canadá, não parecem sofrer desse mal.

FHC – É da situação brasileira. 


Qual líder de partido é  plenamente antenado? 

Por que as pesquisas de opinião falam da Marina (Silva)? 

Ela não está diretamente envolvida na vida partidária. 

Dá a sensação de não estar, embora seja chefe de um partido. 

Estar fora da política, ou aparentar isso, ao contrário do que deveria ser, é visto como algo positivo. 

É um problema, porque quem vai ter de dirigir é gente que conheça o jogo partidário. 

Senão, corremos o risco de ter um aventureiro.
Macarthismo tropical
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (Foto: Gabriel Rinaldi/ÉPOCA)
CERIMONIOSO

Fernando Henrique Cardoso, no Instituto FHC. “Michel Temer terá de mostrar pulso”, diz (Foto: Gabriel Rinaldi/ÉPOCA)

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