Vítima de abuso diz que ofereceram R$ 5 mil para desistir de denúncia

Menor de 13 anos disse em depoimento que foi ameaçada.
Polícia de Rio Preto (SP) investiga o caso de exploração sexual a menor.

 

Do G1 Rio Preto e Araçatuba

A menina de 13 anos que diz ter sido explorada sexualmente em Ipiguá (SP) disse durante depoimento que recebeu ameaças para mudar a versão dada para a polícia e também para a promotoria da Infância e Juventude. 

Segundo áudios que a TV TEM teve acesso com exclusividade, ela disse que receberia R$ 5 mil de dois suspeitos de envolvimento com ela para retirar os nomes deles.

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O valor de R$ 5 mil foi o que a menina disse no depoimento que iria ganhar de dois dos suspeitos de abuso sexual para retirar as denúncias. 

Além de contar ao Ministério Público, ela chegou a dizer isso para uma pessoa, pelo WhatsApp. 

Essa possível tentativa de coação também vai ser investigada pela promotoria.
Adolescente: 

“Ela pegou e falou assim: Tira o nome dos dois que eles vão dar R$ 5 mil para gente para ajudar”.

O depoimento foi para a promotoria da Infância e Juventude de São José do Rio Preto (SP). 

A menina de 13 contou que vem sofrendo ameaças para retirar as denúncias. 

Em um dos trechos ela cita uma conversa que teve com uma amiga, chamada Luana, que teria contato com um dos suspeitos de terem mantido relações sexuais com ela.

A adolescente diz: 

“A Luana disse que se eu não tirasse, ele viria atrás de mim até no inferno. 

Eu disse que não iria mudar minha versão, aí a Luana disse que iria passar o caso pra o Sinomar”.

Menor diz dos R$ 5 mil que iria receber se mudasse versão (Foto: Reprodução/ TV TEM)

Sinomar é um dos investigados no inquérito da Polícia Civil e do Ministério Público. 

O TEM Notícias teve acesso também a áudios que a menina de 13 anos recebeu da Luana, citada no depoimento, pelo WhatsApp. 

Em um deles, Luana tenta fazer a menor voltar atrás no que disse à promotoria. 

Luana: “Prende você ele nem pode. 

Que jeito que ele vai te prender você é de menor. 

É o que você falou. Hoje você bate o pé que foi isso que você falou que você estava com raiva dos dois por causa da Silvia que tinha amizade com eles. 

Você fala só isso. 

Igual você falou hoje e pronto.

 

Menor disse que foi ameaçada
(Foto: Reprodução/ TV TEM)

Em outro áudio, Luana fala novamente do Sinomar.

Luana: “Não vai prender você não. 

O Sinomar, todo mundo aqui que entende falou que não prende. 

Você pode vim pra cá, ficar tranquila. 

Ninguém vai fazer nada com você e o que eles falaram quer iam te dar amanhã, que eles viram que tirou mesmo, eles vão te dar. Pode ficar tranquila”.

A menina de 13 anos já não está mais em São José do Rio Preto (SP). 

Ela foi levada para um abrigo por medida de segurança em outra cidade. 

O delegado que investiga o caso do abuso disse que na semana que vem vai ouvir os suspeitos de ter tido relação com a menor. 

Sexo por carne.

Em uma outra parte do depoimento, ela conta que chegou a fazer programas com o dono de um açougue em troca de carne, cerveja e refrigerante para a Silva Melo, apontada pela menina com agenciadora dos encontros. 

“O rapaz do açougue me pagava 100 reais e, às vezes, em troca de espécie para a Silva, como carne, refrigerante, cervejas e etc”, disse.

 

Jovem foi explorada por quatro meses (Foto: Reprodução/ TV TEM)

Lista de 'clientes'
 

O juiz da Vara da Infância e Juventude, Evandro Pelarin, já está com a lista dos supostos homens que pagaram para abusar sexualmente da adolescente. 

A lista tem médico, advogado, empresário, político e funcionário público.

O juiz disse que pedirá a prisão de quem tentar obstruir a investigação. 

“Muito importante dizer que se houver manifestação dos suspeitos em chegar perto da menina, vamos entender como ameaça à investigação porque o caso é sério. 

A medida cabível de quem obstruir a investigação será a prisão”, afirma.

A exploração sexual.

A promotoria da Infância e Juventude de Rio Preto e a Polícia Civil estão investigando o caso de exploração sexual à menina de 13 anos em Ipiguá. 

Segundo a adolescente, os encontros eram marcados pelo celular da aliciadora, que seria a Sílvia Melo. 

A maioria dos encontros teriam acontecido em um motel às margens da BR-153, entre Onda Verde (SP) e Ipiguá.

A jovem conta que a mãe usa drogas e a expulsou de casa no começo do ano. Por isso, foi morar na casa do namorado, em Ipiguá, cidade com cerca de 5 mil habitantes. 

Mesmo com o fim do relacionamento, ela continuou na casa, mas foi obrigada pela mulher a fazer programas como forma de pagamento pela moradia.

Morte delegado.

De acordo com as investigações da polícia, Silvia Melo seria namorada de Abner Calixto, suspeito de ter matado o delegado de Rio Preto Guerino Solfa Neto, no dia 25 de junho. 

Aber e outros dois suspeitos, Rodrigo Costa e Elias Nascimento, estão presos. 

A polícia também investiga se Silvia estaria envolvida na morte do delegado.

O delegado do Deinter-5, Guerino Solfa Neto, de 43, anos, foi encontrado morto, com um fio de celular amarrado em uma das mãos e com marcas de tiros às margens de uma vicinal da rodovia Washington Luís, em Rio Preto, na noite de sábado, 25 de junho.

A caminhonete do delegado foi localizada, na noite do dia 26 de junho, no Capão Redondo e, três dias depois do crime, a polícia prendeu o suspeito Abner Saulo Oliveira Calixto, em São Paulo. 

Na manhã do dia 30 de junho, o segundo suspeito de participar do assassinato foi identificado no Centro de Progressão Penitenciária (CPP) de Rio Preto. 

Rodrigo Costa já cumpria pena por tráfico de drogas, mas estava de saidinha temporária na hora do crime.

Segundo informações da polícia, Rodrigo confessou ter participado do crime com Abner Calixto. 

A Polícia Civil acredita que os dois suspeitos que mataram o delegado não sabiam que ele era policial na hora da abordagem para o assalto.

Guerino Solfa Neto era chefe do Setor de Inteligência do Deinter-5 (Foto: Reprodução/Facebook)