Edição do dia 27/12/2016
Veículo leve sobre trilhos foi comprado às vésperas da eleição de 2012.
Obra consumiu quase R$ 8 milhões dos cofres públicos.
Um investimento que seria solução de transporte público no Maranhão acabou virando exemplo de desperdício
Dois vagões estão jogados ao relento.
O veículo leve sobre trilhos era para atender 200 mil pessoas por dia, mas nunca levou ninguém a lugar nenhum, a não ser na viagem inaugural, onde percorreu 800 metros cheio de passageiros esperançosos, como mostram alguns vídeos na internet.
“Isso aqui é um sonho.
Eu não quero acordar desse sonho”, diz uma mulher.
Ficou só no sonho. Hoje, o veículo está se estragando com o tempo.
A equipe do Jornal Nacional encontrou o VLT fora do galpão onde deveria estar guardado e já deteriorado.
O veículo foi comprado em julho de 2012 pelo então prefeito João Castelo, do PSDB, dois meses antes das eleições municipais, sem análise técnica para o projeto ou previsão orçamentária.
Para o Ministério Público, uma obra eleitoreira.
“Foi uma obra feita em cima da eleição, sem uma programação suficiente e sem recursos para essa obra continuar após a eleição.
Tanto prova que não foi pago e a obra parou”, diz o promotor de justiça José Leonardo Pires Leal.
O projeto previa que fossem construídos 13 quilômetros de trilhos ligando a região central de São Luís ao bairro do Anjo da Guarda, que é um dos mais populosos da cidade.
Mas apenas 800 metros foram colocados.
A obra consumiu quase R$ 8 milhões dos cofres públicos.
Boa parte dos dormentes usados para fazer os trilhos foi roubada. Muitos trilhos foram cobertos de terra e pedras.
A estação construída em um terminal de ônibus é usada como guarita para seguranças.
Depois das eleições de 2012, o prefeito eleito Edivaldo Holanda Júnior, do PDT, alugou um galpão para guardar o elefante branco.
Foram gastos mais de R$ 400 mil com aluguel, até que a prefeitura conseguiu na justiça que a empresa que vendeu os vagões, a Bom Sinal Indústria e Comércio, passasse a pagar os custos do aluguel.
Só que depois disso o VLT foi retirado de onde estava guardado e está debaixo de sol e chuva.
A prefeitura diz que um projeto para colocar o VLT em circulação está em análise no Ministério das Cidades.
Enquanto isso, a população segue vendo o VLT só mesmo pela janela dos ônibus lotados.
A prefeitura de São Luís declarou que o projeto iniciado na gestão anterior não teve planejamento.
O ex-prefeito João Castelo, do PSDB, morreu este mês.
Já a empresa Bom Sinal Indústria e Comércio declarou que nunca foi notificada pela justiça sobre a responsabilidade de guardar os vagões até que eles sejam usados.
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