Globo Rural comemora a edição de número 1900 com especial sobre o ipê. Conheça aspectos ambientais e socioeconômicos relacionados à planta.
Em muitos programas centenários, o programa prestou uma homenagem ao ser vivo mais imponente, mais impressionante do planeta: a árvore.
No programa número cem, a escolhida foi a araucária, depois veio o jequitibá, o pequizeiro, o Jacarandá, o pau-brasil.
Neste domingo (22), o Globo Rural mostra uma árvore cheia de cores e admirada em todo o Brasil: o ipê.
O ipê é a árvore ornamental mais plantada no país e surgiu pouco depois dos dinossauros, quando na Terra se desenvolveram as plantas com flores.
Numerosa é a família do ipê.
A Dra. Lúcia Lohman é uma das autoridades mundiais em ipê.
Professora de biologia da USP, a Universidade de São Paulo, já participou de várias expedições para estudar a árvore, que arrebata tantos admiradores.
Até escala troncos a fim de coletar amostras.
“O ipê tem flores na cor branca, amarela, rosa, roxo, e temos inclusive o ipê verde, que tem uma flor esverdeada”, conta Lúcia.
O ipê faz parte das “bignoniaceae”, o grupo de plantas que tem a flor em forma de funil, uma cornetinha, como o jacarandá, a flor de São João, a cuia, parentes do ipê.
Já até propuseram que o ipê seja a flor nacional, sendo que o pau-brasil é a árvore nacional.
O projeto que trata do assunto se arrasta há décadas, em Brasília.
O ipê já flor símbolo nacional em El Salvador, Equador, Venezuela e Paraguai.
Ele tinge a paisagem do México até a Patagônia.
Ao todo, são cem espécies esparramadas pelas Américas.
No litoral sul de São Paulo e Paraná cresce o ipê conhecido como pau de viola, de onde vem o som do fandango, um ritmo caiçara.
A madeira é usada em lápis, um tamanco, uma colher de pau, brinquedos, feitos com a madeira largamente aproveitada em caixotaria, por isso conhecida também como caxeta.
Segundo Lúcia, entre a maioria dos ipês, predomina as flores em cacho chegando a formar uma graciosa bolinha.
As flores externas se abrem primeiro.
Depois, os botões de dentro, cada um a seu tempo.
A guia de néctar tem umas estrias pavimentadas com pelinhos.
É uma pista que orienta e facilita o pouso do inseto polinizador.
Depois de polinizado, o cacho de flores vira um cacho de frutos.
Vagens de variados formatos de tamanhos.
“O objetivo das sementes é levar novos indivíduos à novas distâncias”, explica Lúcia.
A delicada e levíssima membrana, tipo papel de seda, envolve a semente, serve de asa.
O ipê-mãe conta com o vento para semear seus filhotes.
“O fato de o ipê sobreviver a condições de frio, seca e também o fato de o ipê apresentar raízes muito profundas, permitem que eles extraíam água mesmo em condições de seca extrema.
Favorece que as espécies tenham ampla distribuição ocorrendo em biomas variados”, fala Lúcia.
A caxeta, o pau-viola, por exemplo, sobrevivem em áreas alagadiças. No município de Cananeia, o Globo Rural acompanhou o ribeirinho Reinaldo Oliveira, o primeiro e único proprietário rural, até o momento, que conseguiu aprovação de plano de manejo, no litoral sul de São Paulo.
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