A reforma tributária está em pauta no governo, mas pelo que já foi dito até agora, o sinal dado à população é de que não existe intenção em reduzir a carga tributária, pelo contrário, temos o risco de ver uma carga maior no futuro próximo.
Além da notícia não agradar a ninguém, isso reforça o peso cada vez maior dos impostos no bolso da população ao longo dos anos.
E não falo isso apenas por "sensação" de que a pressão está maior, a carga tributária brasileira realmente vem crescendo de um modo assustador ao longo do tempo.
Basta observar o quanto o brasileiro precisa trabalhar por ano para dar conta da carga tributária.
Um estudo feito pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) mostra a evolução do peso dos tributos ao longo do tempo.
Na gestão de Fernando Collor, por exemplo, o brasileiro precisava trabalhar 3 meses inteiros somente para pagar a carga tributária.
Da gestão de Itamar Franco até Fernando Henrique Cardoso, o tempo de trabalho para cobrir a carga tributária cresceu gradativamente para 4 meses.
Nos anos entre Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff o tempo de trabalho saltou para 5 meses.
Em 2016, o brasileiro precisou trabalhar 5 meses e 1 dia para conseguir arcar com a carga tributária do país.
Em comparação à década de 1970, por exemplo, o tempo de trabalho para cobrir os tributos dobrou.
Somente entre 2015 e 2016, houve elevação em dez impostos.
O estudo completo com a evolução dessa carga tributária pode ser conferido aqui.
Do ponto de vista histórico, a cobrança de impostos existe desde os tempos bíblicos.
Em tese, a criação visava uma relação de troca que garantisse o bem-estar social.
As pessoas pagariam seus tributos ao Estado e, em troca, receberiam o amparo necessário para ter saneamento, segurança, saúde, educação, entre outros.
Do ponto de vista teórico, a relação é justa, mas na prática nem todos os países estabelecem isso de uma maneira eficiente.
A Dinamarca e a França, por exemplo, estão entre os países que mais cobram tributos da população - a carga, inclusive, supera a do Brasil.
No entanto, o retorno desses impostos para a população é muito maior do que aqui.
Além de lidarmos com uma carga tributária crescente, o país ainda tem uma péssima qualidade de serviços.
Falta investimento em logística para baratear os custos de produção, a qualidade do transporte público é ruim, falta saneamento decente principalmente nas regiões periféricas, falta qualidade na saúde pública e na educação, e a questão da segurança pública é calamitosa.
Basta ver a situação da criminalidade em grandes capitais, como São Paulo e Rio de Janeiro, além da crise carcerária que recentemente foi amplamente divulgada pela mídia.
Desde o agravamento da crise econômica, o governo bate na tecla de que é preciso aumentar a arrecadação para a retomada da economia.
No entanto, com uma das maiores cargas tributárias do mundo e sem o retorno desses tributos para a sociedade, fica difícil acreditar que essa saída é interessante.
Referência do autor:
Samy Dana é professor da Fundação Getulio Vargas, comentarista do
programa Conta Corrente (Globo News) e do telejornal Hora 1 (rede
Globo).
É também colunista da o Portal G1 de notícias, da Época Negócios e da Rádio Globo.
Possui mestrado em economia e doutorado em administração, além de ser Ph.D. em Business.
Samy possui mais de 15 anos de experiência em consultorias e apresentação de palestras.
É autor de vários livros ligados a finanças, economia e negócios.
Entre os mais conhecidos estão as obras “Seu Bolso”, “Em busca do Tesouro Direto” e “Finanças Femininas”.
É também colunista da o Portal G1 de notícias, da Época Negócios e da Rádio Globo.
Possui mestrado em economia e doutorado em administração, além de ser Ph.D. em Business.
Samy possui mais de 15 anos de experiência em consultorias e apresentação de palestras.
É autor de vários livros ligados a finanças, economia e negócios.
Entre os mais conhecidos estão as obras “Seu Bolso”, “Em busca do Tesouro Direto” e “Finanças Femininas”.
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