Empresário Dermeval Gusmão Filho, dono da empresa DAG, prestou depoimento nesta quarta-feira (6).
Por Alana Fonseca, G1 PR, Curitiba
O empresário Dermeval Gusmão Filho, dono da empresa DAG, admitiu, em
depoimento ao juiz federal Sérgio Moro, na manhã quarta-feira (6), que
comprou o terreno onde seria construída a nova sede do Instituto Lula.
Ele contou, ainda, que pagou R$ 7 milhões de forma oficial.
Segundo a força-tarefa da Lava Jato, a DAG foi usada como laranja na compra do terreno.
A compra do terreno, em São Paulo, e a de um imóvel vizinho ao
apartamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em São Bernardo
do Campo, são investigados pela operação.
De acordo com a denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF) esses bens eram propinas do Grupo Odebrecht para o ex-presidente Lula.
Durante o depoimento, Dermeval relatou que o primeiro contato que teve
com o terreno foi em uma reunião com um então executivo da Odebrecht.
"No final de julho de 2010, início de agosto de 2010, fui procurado por
Paulo Melo, então diretor da Odebrecht Realizações no estado de São
Paulo, me convocando para uma reunião.
Essa reunião aconteceu,
primeiramente, no escritório dele.
Paulo me coloca uma oportunidade de
negócio: a Odebrecht tinha identificado um terreno para construir um
empreendimento", explicou.
Ainda de acordo com o empresário, a Odebrecht não queria, naquele
momento, aparecer como a compradora do terreno.
"O argumento era de que
era um terreno pequeno e que na Odebrecht, por ter um porte maior, os
vendedores veriam uma oportunidade de aumentar o valor", afirmou.
Dermeval conta que, então, foi chamado para ser terrenista, com a
promessa de ser sócio no futuro.
"Eu disse que tinha interesse, sim",
relatou.
O empresário ainda contou sobre um almoço com o empresário
Marcelo Odebrecht, poucos dias depois.
"No meio da conversa, Marcelo me pergunta se Paulo Melo haveria me
passado ou se já tinha comentado comigo sobre a compra do terreno para a
construção Instituto Lula.
Eu disse que ele tinha me falado da compra
do terreno, mas não da construção do Instituto Lula", lembra.
Na sequência, Dermeval conta que Marcelo disse a ele que era o advogado
do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Roberto Teixeira, quem
estava coordenando a identificação e a compra do terreno para a futura
sede do Instituto Lula.
"Ele [Marcelo] disse que ele e a Odebrecht tinham sido chamados para
ajudar nisso e que ele viu, ali, uma oportunidade de negócio para mim",
completou.
Dermerval afirmou ao juiz que viu uma boa oportunidade de
negócio e que teve outras reuniões com Paulo e também com Roberto.
Dermeval contou, ainda, que chegou a ser apresentado, por Paulo, às
especificações que o Instituto Lula gostaria para a obra: várias salas
de reunião, garagem, museu, uma espécie de mini-hotel etc.
Porém, em uma reunião, segundo Dermeval, Roberto contou que havia
problemas de débitos no terreno e que já existia um contrato de compra e
venda com um terceiro e que essa pessoa queria receber, por fora, entre
R$ 30 e R$ 40 mil por fora para desistir do negócio.
O empresário disse, então, que não faria pagamentos por fora.
Dermeval contou também que, depois, voltou a se reunir com Paulo, que o
apresentou a um gerente que trabalhava com ele, João Louvera.
As
negociações voltaram a avançar.
O empresário, então, pediu para não
pagar os R$ 7 milhões previstos de uma vez.
Outro depoimento.
O ex-presidente do Grupo Odebrecht, Marcelo Odebrecht, também réu neste processo, foi interrogado na segunda-feira (4).
Ele disse acreditar que Lula sabia sobre os repasses ilegais feitos a
ele, embora tenha reconhecido que nunca tratou do assunto com o petista.
Odebrecht disse ter afirmado ao pecuarista José Carlos Bumlai e ao
presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, que debitaria o valor do
terreno para a entidade da planilha Italiano, referente, conforme o
empresário, a pagamentos não contabilizados da companhia ao ex-ministro
Antônio Palocci e ao Partido dos Trabalhadores (PT).
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