Pedido foi apresentado pela defesa de Temer, que argumenta pela necessidade de se aguardar o fim das investigações sobre suposta omissão de executivos da J&F em suas delações premiadas.
Por Renan Ramalho, G1, Brasília
A maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) se manifestou
nesta quarta-feira (20) contra a suspensão do envio à Câmara da nova denúncia contra o presidente Michel Temer.
O julgamento se encerrou no final da tarde com o placar de 7 a 1 e será
retomado nesta quinta (21), quando votarão os ministros Marco Aurélio
Mello, Celso de Mello e Cármen Lúcia.julgamento
Já votaram pelo envio da denúncia à Câmara os ministros
- Edson Fachin, relator
- Alexandre de Moraes
- Luís Roberto Barroso
- Rosa Weber
- Luiz Fux
- Dias Toffoli
- Ricardo Lewandowski
O único a divergir foi o ministro Gilmar Mendes, que votou pela devoluçaõ da denúncia à PGR e pela suspensão do envio à Câmara (leia mais abaixo).
O pedido foi apresentado pela defesa de Temer,
que argumenta pela necessidade de aguardar o fim das investigações
sobre suposta omissão de executivos da J&F em suas delações
premiadas.
Provas entregues pelos delatores da J&F subsidiam a denúncia contra Temer, acusado de integrar organização criminosa e de cometer obstrução da Justiça nas investigações da Operação Lava Jato.
A defesa do presidente diz que as provas não são válidas, pela suspeita de que os delatores foram orientados pelo ex-procurador da República Marcelo Miller, quando ele ainda trabalhava na PGR.
A Constituição determina que a denúncia deve ser encaminhada à Câmara, à
qual cabe autorizar, por no mínimo dois terços (342) dos 513 deputados,
a análise da acusação pelo STF.
Se aceito pelo STF, o pedido de Temer paralisaria a tramitação da denúncia.
Votos.
Em seu voto, Edson Fachin disse que o Supremo só pode analisar validade
das provas ou outras questionamentos sobre a denúncia após autorização
da Câmara.
“Não cabe a esta Suprema Corte proferir juízo de admissibilidade sobre a
denúncia antes do exame da autorização pela Câmara.
Não cabe proferir
juízo antecipado a respeito de eventuais teses defensivas”, disse.
Durante a sessão, os outros ministros que o acompanharam também
consideraram que o STF só vai analisar a fundo a denúncia depois que for
autorizado pela Câmara.
“Trata-se de denúncia grave, principalmente porque se refere ao chefe
máximo de nossa nação.
Nem por isso compete a nós deixar de observar o
devido processo legal.
O momento é de aguardar o juízo político que
antecede o juízo jurídico”, disse Luiz Fux.
Ao votar por devolver à PGR a denúncia, Gilmar Mendes argumentou que
ela contém fatos anteriores ao mandato do presidente, o que inviabiliza
seu prosseguimento para a Câmara.
Ele também atacou a validade da
delação da J&F, apontando diversos fatos que apontam para a ajuda de
Miller aos delatores.
“Certamente já ouvimos falar de procuradores preguiçosos, violentos,
alcoólatras, mas não de procuradores ladrões.
É disso que se cuida aqui,
corruptos, num processo de investigação.
Essa pecha a Procuradoria não
merecia ao fazer investigação”, afirmou.
A decisão sobre a suspensão da denúncia depende dos votos de 11
ministros do STF.
Na semana passada, nove ministros que participaram da
sessão negaram outro pedido de Temer, para afastar o ex-procurador-geral
Rodrigo Janot das investigações e anular seus atos no caso.
Raquel Dodge.
Durante a sessão desta quarta (20) a recém-empossada procuradora-geral
da República, Raquel Dodge, não se manifestou oralmente sobre os pedidos
de Temer, já que a PGR já havia falado no julgamento em favor do envio
da denúncia.
Ela, no entanto, enviou memoriais aos ministros reiterando a posição do órgão de não suspender a remessa da denúncia à Câmara.
“A Constituição é rigorosa: as etapas e instâncias de decisão estão bem
delineados na fase pré-processual.
Não há lugar, portanto, para
impugnar a viabilidade da denúncia fora desse rito constitucional, antes
da decisão da Câmara dos
Deputados”, escreveu Dodge no documento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário