Operador financeiro depôs à Justiça Federal, em Brasília, em processo no qual Geddel é acusado de tentar impedir que ele fizesse acordo de delação premiada.
Por Alessandra Modzeleski, G1, Brasília
O operador financeiro Lúcio Funaro disse nesta terça-feira (21), em depoimento à Justiça Federal, que, após ter sido preso, a mulher dele, Raquel Pitta, recebeu ligações do ex-ministro Geddel Vieira Lima.
Mas disse que, apesar das ligações, o ex-ministro não ofereceu vantagens.
Mas disse que, apesar das ligações, o ex-ministro não ofereceu vantagens.
Lúcio Funaro foi ouvido na 10ª Vara da Justiça Federal, em Brasília, em
um processo que investiga se Geddel tentou impedir que ele, Funaro,
fechasse acordo de delação premiada, homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em setembro.
"Depois da minha prisão, começou a ter contatos, quase que semanais,
pelo que ela me narrava quando ia me visitar.
Ele ligava para saber se ela precisava de alguma coisa, como que eu estava de cabeça, me sentindo, esse tipo de coisa", disse.
Ele ligava para saber se ela precisava de alguma coisa, como que eu estava de cabeça, me sentindo, esse tipo de coisa", disse.
Questionado pela defesa de Geddel se o ministro ofereceu "vantagens" para Raquel, o doleiro afirmou que não.
"Ela relatou que ele que estava tentando ajudar dentro do que podia
(...).
Eu tinha a impressão que se ela parasse de atender as ligações, ele pudesse pensar que eu estaria fazendo delação, e não era verdade", relatou.
Eu tinha a impressão que se ela parasse de atender as ligações, ele pudesse pensar que eu estaria fazendo delação, e não era verdade", relatou.
Questionado pelo Ministério Público se tinha algum "receio" desse
contato do ex-ministro com Raquel, Funaro disse que não, mas temia por
Geddel ser "membro do primeiro escalão do governo".
"O receio dele, pessoalmente, não tinha nenhum, mas como ele era membro
do primeiro escalão do governo, eu tinha medo do que o resto dos
membros do escalão do governo pudesse fazer", disse.
Em seguida complementou: "Eu fiquei assustado.
O governo estava como um carro sem direção e eu fiquei cada vez mais preocupado", afirmou.
O governo estava como um carro sem direção e eu fiquei cada vez mais preocupado", afirmou.
Funaro está preso desde julho do ano passado por suspeitas de
envolvimento num esquema, investigado pela Lava Jato, de desvios no
FI-FGTS, fundo de investimentos administrado pela Caixa Econômica
Federal.
Em um depoimento para a Polícia Federal em junho deste ano, Funaro
disse que recebeu sondagens do ex-ministro Geddel Vieira Lima sobre a
eventual intenção de fazer acordo de delação premiada.
Segundo registrou a Polícia Federal, Funaro estranhava "alguns
telefonemas que sua esposa tem recebido de Geddel Vieira Lima, no
sentido de estar sondando qual seria o ânimo do declarante em relação a
fazer um acordo de colaboração premiada".
A mulher de Funaro, Raquel Pitta, e a irmã, Roberta Funaro, também confirmaram em depoimento nesta terça o contato constante de Geddel após a prisão do doleiro.
Segundo Raquel, as ligações eram mais frequentes nas sextas-feiras, dia que ela visitava o marido na prisão.
"Não me incomodava de receber as ligações.
Até a delação do meu marido, era uma pessoa que sempre foi muito solícita, não sabia que até então tinha algum interesse", afirmou.
Até a delação do meu marido, era uma pessoa que sempre foi muito solícita, não sabia que até então tinha algum interesse", afirmou.
Geddel
Geddel Vieira Lima, que está preso no Complexo Penitenciário da Papuda,
em Brasília, recebeu autorização da Justiça e acompanhou o depoimento.
No fim da audiência, ele não quis falar com a imprensa.
No fim da audiência, ele não quis falar com a imprensa.
A defesa do ex-ministro afirmou que ficou claro, durante a série de
depoimentos, que as próprias testemunhas desmentem a acusação.
"Não houve inibição, nem constrangimento, portanto não houve obstrução
de Justiça.
Os próprios sujeitos desmentem a acusação", disse o advogado Gamil Föppel.
Os próprios sujeitos desmentem a acusação", disse o advogado Gamil Föppel.
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