Objetivo do "Linhão", como está sendo chamada a nova linha, é aumentar oferta de energia elétrica no país.
Por G1 Sul de Minas *
A linha de transmissão de energia que liga a Hidrelétrica de Belo
Monte, localizada no Pará, ao Sudeste do país, está sendo inaugurada
nesta quinta-feira (21) em Ibiraci (MG).
O objetivo do "Linhão", como
está sendo chamada a nova linha, é aumentar a oferta energética do país e
reduzir o uso de termelétricas.
A construção da linha de transmissão de energia custou R$ 5 bilhões.
São sócias na operação as empresas State Grid Brazil, Furnas e
Eletronorte.
Durante as obras, foram gerados 27 mil empregos.
O trecho entregue nesta quinta-feira tem 2.092 quilômetros de extensão e
passa por quatro estados, saindo de Xingu, no Pará, passando por
Tocantins, Goiás e indo até Estreito, em Minas Gerais.
Esta será a maior rede transmissora de energia da América Latina, com
capacidade de levar até 4 Mw para os grandes centros consumidores do
país.
O novo sistema deve reduzir a necessidade de geração térmica, que
tem custo mais elevado.
Entrega do linhão
A nova linha de transmissão está sendo entregue com dois meses de
antecedência do que o estabelecido pelo contrato original, conforme
documento da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
A entrada em
operação comercial do chamado "Linhão" é vista como fundamental por
autoridades brasileiras.
A falta de capacidade para levar a energia de
Belo Monte ao sistema elétrico já impedia a usina no rio Xingu de ligar
turbinas adicionais.
(Correção: O G1
errou ao informar que a obra seria entregue com 10 meses de atraso.
Na
verdade, a entrega está sendo antecipada em 2 meses, já que era prevista
para fevereiro de 2018.
A correção foi feita às 16h37).
Originalmente, a energia de Belo Monte seria escoada primeiro por uma grande linha sob responsabilidade da Abengoa, mas a empresa abandonou o empreendimento em meio a uma crise financeira no final de 2015.
A a construtora chinesa SEPCO1 também apresentou dificuldades em alguns
trechos da linha.
Com isso, a BMTE, empresa criada por State Grid e
Eletrobras para construir o linhão, foi obrigada a contratar sete
empreiteiras adicionais para acelerar as atividades.
Com isso, a usina passou a depender apenas do linhão da BMTE e de um
segundo empreendimento, de traçado semelhante.
Esse projeto ficou a
cargo da State Grid, mas deve ser entregue apenas ao final de 2019.
Construção de Belo Monte
A construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte no curso do Rio Xingu
foi alvo de polêmicas ao longo de toda a sua implantação, sobretudo, no
que diz respeito ao aspecto ambiental, social e, até mesmo, de denúncias
de esquemas envolvendo o recebimento de propina.
De um lado,
ambientalistas que questionaram os impactos da obra e, de outro, o lado
pró-usina.
Uma vez concluída, Belo Monte se tornaria a segunda maior
hidrelétrica do Brasil e a terceira maior do mundo.
A região próxima à barragem da usina de Belo Monte, conhecida como
Volta Grande do Xingu, com sua área de cerca de 100 quilômetros, segue
sendo uma das áreas que mais preocupam ambientalistas, ribeirinhos,
índios.
Eles afirmam que as alterações no curso do rio já começaram a
provocar danos ambientais e sociais, sem contar com todas as mudanças já
ocorridas ao longo das obras.
Entre as dificuldades apontadas está o aumento da profundidade do rio
e, consequentemente, a diminuição do oxigênio, o que dificulta a pesca
para a sobrevivência de ribeirinhos, por exemplo, o que antes era comum
na região.
Para tentar compensar este e outros danos, o IBAMA exigiu, em
2011, a implantação integral de equipamentos de saúde e educação.
A empresa ficou responsável pela reforma e ampliação do Hospital Geral
de Altamira para reforçar o atendimento no município, que recebeu mais
de 30 mil trabalhadores na usina.
Mas a unidade de saúde só ficou pronta
em 2015 e sua operação iniciou pouco antes do começo da operação da
usina após a “intervenção” do Ministério Público Federal.
Para a construção do lago de Belo Monte, 500 quilômetros quadrados
foram inundados – algo do tamanho da cidade de Curitiba.
Este
procedimento obrigou cerca de 10 mil famílias a deixarem suas casas.
Deste montante, alguns tiveram que correr atrás de novas moradias com o
dinheiro das indenizações e o restante se mudou para conjuntos
habitacionais.
Em meios aos problemas ambientais e sociais, Belo Monte também foi alvo
de denúncias e suspeitas de esquemas de corrupção.
Em fevereiro deste
ano, a Polícia Federal deflagrou uma operação para cumprir mandados de
busca e apreensão em casas e escritórios de pessoas investigadas por
conta do recebimento de propinas durante as obras – baseadas em provas
coletadas na Lava Jato.
Entre os alvos da Leviatã estão o ex-senador pelo PMDB do Pará, Luiz
Otávio e o filho do senador Edison Lobão, do Maranhão, Márcio Lobão.
A
família de Lobão, no entanto, já era investigada desde 2016, quando o
STF autorizou a abertura de inquérito por desvios nas obras de Belo
Monte quando ele ainda era ministro de Minas e Energia.
Edison Lobão se mostrou indignado e falou que seu filho é vítima de
injustiça e agressão.
Márcio, por outro lado, limitou-se a informar que
não cometeu nenhuma irregularidade.
Enquanto que Luiz Otávio Campos
também negou que tenha cometido qualquer irregularidade sobre o tema.
Já em setembro de 2017, a PF rastreou um novo esquema de propinas
envolvendo o consórcio construtor de Belo Monte.
A época, o suposto
repasse de milhões de reais seria para beneficiar campanhas eleitorais
de políticos, inclusive do atual ministro da Integração Social, Herder
Barbalho, filho do senador paraense Jader Barbalho, que concorreu ao
Governo do Pará em 2014.
Helder, então, negou qualquer irregularidade a esse respeito e informou
que, como candidato ao Governo, não teve participação na arrecadação da
campanha.
Esta missão, segundo ele, ficou a cargo dos diretórios
estadual a nacional do PMDB.
Ele reforçou, ainda, que todas as doações
de campanha foram registradas no Tribunal Regional Eleitoral (TRE/PA) e
as contas foram aprovadas.
* Colaborou G1 Pará
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