Chefe do tráfico da Rocinha foi achado em casa no Arará, por policiais, em operação das polícias e das Forças Armadas. Criminoso mais procurado do RJ é responsável por guerra com bando de Nem.
Por Bruno Albernaz, Henrique Coelho, Leslie Leitão e Pedro Neville, G1 Rio, TV Globo e GloboNews
O traficante Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, foi preso
pela Polícia Civil na manhã desta quarta-feira (6).
O criminoso é o
chefe do tráfico na favela da Rocinha, Zona Sul do Rio, e foi o
responsável pelo início de uma guerra sangrenta na comunidade, em
setembro.
Rogério 157
era o bandido mais procurados do Rio de Janeiro, com recompensa
estipulada em R$ 50 mil.
Ele foi preso na comunidade do Arará, na Zona
Norte do Rio, e levado para a Cidade da Polícia, no Jacarezinho, onde
presta depoimento.
Na chegada à delegacia, questionado se esperava ser
preso, respondeu apenas que "não".
O traficante foi capturado por policiais da 12ª DP (Copacabana) e da
13ª DP (Ipanema), que vasculhavam o local para cumprir mandados de
prisão.
Rogério 157 estava debaixo de cobertor.
De acordo com os agentes, ele foi encontrado em uma cama, debaixo de um
cobertor, em uma casa simples.
Dois seguranças que faziam a proteção
dele estavam na laje da casa e fugiram.
"Quando a polícia chegou, disse que era primo da moradora e que se
chamava Marcelo de Souza Silva", disse um dos policiais que efetuou a
prisão.
Segundo investigadores, nos últimos meses, após a guerra na Rocinha, o
criminoso rondava favelas controladas pelo Comando Vermelho, sem
permanecer muito tempo em nenhuma comunidade, para despistar a polícia.
Segundo o Disque Denúncia, desde o início do ano foram recebidas 434 denúncias contendo informações sobre o traficante Rogério 157
durante operação que ocorre nas imediações da comunidade da Mangueira.
Ele era procurado por tráfico, associação para o tráfico de drogas,
extorsão e homicídio.
Imagens de policiais ao lado de Rogério 157, instantes após sua prisão,
foram viralizadas nas redes sociais.
Nas fotos, eles aparecem posando
para a fotografia ou até mesmo tirando selfies, sorridentes.
Em uma
delas, o próprio traficante aparece algemado e sorrindo.
Megaoperação: 7 presos e 2 apreendidos
O traficante foi localizado durante uma megaoperação das polícias
Civil, Militar e Federal, da Força Nacional e das Forças Armadas nas
comunidades da Mangueira, Tuiuti, Arará, Mandela 1, Mandela 2 e Barreira
do Vasco.
Até as 12h40, sete pessoas haviam sido presas e dois menores
foram apreendidos.
No total, 2,9 mil homens das Forças Armadas participaram da ação.
Os
militares são responsáveis pelo cerco das comunidades e pela retirada de
barricadas.
Na ação, agentes do Batalhão de Ações com Cães (BAC)
apreenderam uma grande quantidade de drogas na comunidade do Mandela.
Logo após a prisão de Rogério 157, vários tiros foram ouvidos na Favela da Rocinha, mas não há confirmação de confronto.
Comunidade fica atrás do presídio de Benfica
A comunidade onde o traficante foi encontrado fica atrás do presídio de Benfica, onde está preso o ex-governador Sérgio Cabral
e outros políticos detidos na Lava Jato.
Em novembro, esses políticos
detidos por corrupção haviam feito reclamações, pois as celas destinadas
aos presos por corrupção não ficam de frente para a fachada do
presídio, mas sim para a favela do Arará.
"Ele estava escondido numa casa, a cerca de 300 metros do presídio onde
está Cabral", disse um dos policiais que efetuou a prisão.
Guerra na Rocinha
Em setembro deste ano, uma batalha sangrenta entre facções rivais na
Rocinha levou à realização de operações de segurança quase diárias, com o
reforço das forças de segurança.
Nos primeiros dias, 1,1 mil homens
atuaram na favela, sendo 550 homens das Forças Armadas (fuzileiros
navais, Exército e Força Aérea Brasileira) e 550 da Polícia Militar.
Rogério 157 foi braço-direito do antigo chefe do tráfico na comunidade
Antônio Bonfim Lopes, o Nem, que está no presídio federal de Rondônia.
Após a prisão de Nem, Rogério assumiu o controle do tráfico na Rocinha.
Segundo testemunhas, em agosto desse ano, Nem teria determinado que Rogério 157 entregasse a comunidade.
Rogério estaria impondo a cobrança de taxas para o comércio e
controlando a venda de gás, água mineral e carvão, entre outras práticas
típicas de milicianos, o que desagradou a Nem.
No Dia dos Pais, o que parecia ser uma trégua, foi o início da guerra.
O
depoimento de uma testemunha diz que Rogério 157 chamou os traficantes
“Perninha”, “99” e “Vasquinho”, aliados de Nem, para uma conversa; que
nesta mesma conversa os traficantes “Perninha”, “99” e “Vasquinho” foram
executados, a mando de Rogério.
Segundo a testemunha, depois de matar os rivais, Rogério convocou os
chefes da facção a que pertencia para dizer que agora era ele quem
mandava no morro.
Muitos dos chefes não concordaram, dizendo que, mesmo
na prisão, Nem ainda era o comandante do tráfico.
Com a facção dividida,
começou a guerra na comunidade.
Invasão a hotel.
Rogério 157 participou da invasão ao Hotel Intercontinental em agosto
de 2010, quando um grupo de traficantes da Rocinha entrou em confronto
com a polícia em São Conrado, após serem surpreendidos quando voltavam
de baile funk.
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