Presidente da Assembleia Nacional Constituinte da Venezuela anunciou a decisão. Em nota, Itamaraty afirma que, se ato for confirmado, Brasil aplicará as medidas de reciprocidade.
Por G1
A Venezuela ordenou neste sábado (23) a expulsão do embaixador do
Brasil, Ruy Carlos Pereira, ao declarar que ele é 'persona non grata' no
país.
A decisão foi anunciada por Delcy Rodríguez, presidente da
Assembleia Nacional Constituinte venezuelana.
Pereira já estava no Brasil, onde passa as festas de fim de ano,
segundo a Globonews.
Em nota, o Itamaraty afirma que, se o ato for
confirmado, Brasil aplicará as medidas de reciprocidade.
"No âmbito das competências da Assembleia Nacional Constituinte, em que
está justamente a soberania, nas nossas bases de comissão, decidimos
declarar 'persona non grata' o encarregado de negócios do Canadá, e
declarar 'persona non grata' o embaixador do Brasil, até que se restitua
o fio constitucional que o governo de fato vulnerou, no caso deste
país-irmão", afirmou Rodriguez, em comunicado transmitido pelo canal de
televisão estatal VTV.
A fala de Delcy sobre o Brasil foi uma resposta a um dos jornalistas
sobre como outros países tratam a participação de partidos no processo
eleitoral.
"Vimos algumas posições minoritárias a nível internacional.
Essa é uma
informação para este país, não para outros governos", disse ela.
"O caso
a que você se refere, especificamente, do Brasil, neste ano, depois do
golpe de estado que houve no Brasil, contra a presidente Dilma Rousseff,
foi aprovada no Congresso a chamada cláusula de barreira, que impede
justamente que partidos pequenos possam ter participação eleitoral".
Segundo Delcy, isso não ocorre na Venezuela, com seu "sistema plural de
partidos políticos".
"Temos uma ampla gama de partidos políticos, com
tendências políticas e ideológicas diversas, e plurais.
E no caso do
Brasil, se evitaria que partidos minoritários possam ter algum tipo de
participação política.”
Ela então mudou o assunto e anunciou que a Venezuela decidiu declarar
'persona non grata' tanto ao encarregado de negócios do Canadá quanto ao
embaixador brasileiro. Os motivos que levaram às duas decisões, porém,
são distintos.
Resposta brasileira.
Em resposta, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil divulgou a
seguinte nota: "O governo brasileiro tomou conhecimento de declaração de
ex-chanceler venezuelana de que o governo desse país teria decidido
declarar o embaixador do Brasil em Caracas “persona non grata”.
Caso
confirmada, essa decisão demonstra, uma vez mais, o caráter autoritário
da administração Nicolás Maduro e sua falta de disposição para qualquer
tipo de diálogo.
O Brasil aplicará as medidas de reciprocidade
correspondentes".
'Intromissão' canadense
“Nós decidimos declarar ‘persona non grata’ o encarregado de negócios
do Canadá, por sua intromissão permanente e insistente, grosseira e
vulgar nos assuntos internos de Venezuela, apesar de a chancelaria
venezuelana, e não é de agora, durante anos tem feito chamados de
atenção para que se respeite a convenção sobre relações diplomáticas.
Persistentemente, [ele] faz declarações, faz uso do Twitter, para
pretender dar ordens à Venezuela.”
Já no caso do Brasil, Dercy explicou que o motivo é o fato de o país ter "vulnerado" o "fio constitucional".
"A chancelaria venezuela fará os trâmites para iniciar este processo declaratório de 'persona non grata'", completou ela.
Em 2016, o governo venezuelano convocou seu embaixador no Brasil
após o impeachment de Dilma Rousseff, medida adotada também por Bolívia
e Equador.
Na ocasião, a Venezuela divulgou ainda uma nota na qual
dizia que congelaria suas relações políticas e diplomáticas "com o
governo surgido a partir deste golpe parlamentar”.
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