Frederik Barbieri é acusado de ter enviado dezenas de fuzis de guerra para o país, o que ele nega; investigado, teria fugido para Miami em 2012.
O Ministério da Justiça informou em nota divulgada na tarde deste
sábado (25) que o governo solicitou a extradição do brasileiro Frederik
Barbieri, preso nos Estados Unidos nesta madrugada (leia a íntegra da nota ao final desta reportagem).
Barbieri é apontado pela Polícia Civil como o maior traficante de armas
do Brasil.
Ele é acusado de ter enviado ao país, em maio do ano
passado, uma carga de aquecedores de piscina recheada de fuzis de
guerra.
De acordo com as investigações, parte desses fuzis seria entregue a
traficantes da Favela da Rocinha, que desde setembro está em guerra.
A
polícia acredita que favelas de São Gonçalo também seriam abastecidas
com aquele arsenal.
Radicado nos Estados Unidos, Barbieri foi preso em sua casa, na
Flórida, por agentes do Serviço de Imigração e Alfândegas dos Estados
Unidos (ICE).
A TV Globo apurou que a polícia americana ainda conseguiu
interceptar um carregamento de mais 40 fuzis que estava sendo preparado
para ser enviado para o Brasil novamente.
"Segundo o Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica
Internacional, do Ministério da Justiça e Segurança Pública, o pedido de
extradição de Frederik Barbieri já foi apresentado para o governo norte
americano", diz a nota do Ministério da Justiça.
De acordo com o MJ, houve um pedido por parte dos EUA de documentação
complementar para dar prosseguimento ao pedido.
Por isso, informou a
pasta, o governo brasileiro aguarda que a Justiça envie os documentos ao
país norte-americano devidamente traduzidos para o inglês.
"Os pedidos de cooperação jurídica internacional entre os países para
produção de provas encontram-se em andamento", também informou o
ministério.
Histórico
2010:
O brasileiro passou a ser procurado pela polícia da Bahia, depois que
uma carga de munição para fuzis foi apreendida no porto de Salvador, em
um contêiner que estava no nome dele.
2012: As investigações apontam que Barbieri teria fugido para Miami, nos EUA, com medo de ser preso.
Lá, obteve cidadania americana.
2015:
A Justiça brasileira emitiu um mandado de prisão preventiva contra
Barbieri.
O Ministério Público tentou incluir o nome do brasileiro na
lista de foragidos da Interpol, mas teve o pedido negado.
Naquele mesmo ano, porém, a Polícia Civil do Rio de Janeiro passou a
investigar a procedência de um fuzil apreendido após um confronto dentro
de um ônibus em Niterói, onde um policial militar foi morto.
Os investigadores descobriram que o mesmo tipo de arma utilizada nesse
confronto era utilizado em diferentes comunidades do Rio para o tráfico
de drogas e o roubo de cargas.
As armas seriam intermediada por pelo
menos dois homens, e Barbieri foi apontado como o transportador e
fornecedor delas.
2017:
A Polícia Civil interceptou um carregamento com 60 fuzis de guerra,
utilizados apenas pela tropa de elite, no terminal de cargas do
Aeroporto do Galeão, no Rio.
Após a apreensão, a Polícia Federal realizou uma operação e cumpriu nove mandados de prisão,
inclusive contra Barbieri, que não foi localizado.
Entre os presos na
ocasião estavam o filho de Barbieri, João Felipe, e Edson da Silva
Ornelas, apontado como contador da quadrilha.
Barbieri nega denúncias
Em entrevista ao Fantástico, em junho de 2017, Barbieri negou ser traficante de armas.
A entrevista foi concedida depois da apreensão dos fuzis no Aeroporto do Galeão.
Foi o próprio Barbieri que procurou a TV Globo quando teve seu nome divulgado como traficante internacional de armas.
"Vão tentar me extraditar, só que eu volto a dizer: eu sou cidadão americano", disse ele na ocasião.
Carioca do Irajá, Zona Norte do Rio, Barbieri confirmou, na
oportunidade, que vivia em Miami (EUA) e que tinha uma empresa.
Ele, no
entanto, negou trabalhar com comércio exterior.
"Eu tenho uma empresa
aqui nos Estados Unidos, mas é de consultoria", declarou.
Barbieri ainda afirmou na entrevista que não gostava de armas, já que
seu pai foi, segundo ele, assassinado.
"Mataram meu pai na Baixada
Fluminense por briga de terra.
Então, como é que eu vou gostar de
arma?", disse.
Nota do Ministério da Justiça
Leia a íntegra da nota:
Segundo
o Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica
Internacional, do Ministério da Justiça e Segurança Pública, o pedido de
extradição de Frederik Barbieri já foi apresentado para o governo norte
americano, mas houve um pedido de documentação complementar.
Agora,
estão aguardando o Poder Judiciário enviar a documentação complementar
devidamente traduzida para o inglês.
Frederik
Barbieri é investigado em procedimentos criminais instaurados no Brasil
e nos EUA.
Os pedidos de cooperação jurídica internacional entre os
países para produção de provas encontram-se em andamento.
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