Empresa informa que tubulação foi descoberta durante vistorias, após vazamento de rejeitos de bauxita em Barcarena. Comissão externa da Câmara dos Deputados acompanha o caso.
Por G1 PA, Belém
A mineradora Hydro Alunorte admitiu nesta sexta-feira (23) a existência
de um duto clandestino que seria responsável pelo vazamento de rejeitos
de bauxita em Barcarena, no nordeste do Pará, no sábado (17).
Em nota enviada ao G1 nesta
sexta, a Hydro informou que desconhecia o duto, confirmado após a
realização de vistorias.
"Durante uma das vistorias, verificou-se a
existência de uma tubulação com pequena vazão de água de coloração
avermelhada na área da refinaria", diz a nota.
"Conforme solicitado pelas autoridades, a empresa está fazendo as
investigações necessárias para identificar a origem e natureza do
material, bem como realizando a imediata vedação desta tubulação",
continua o texto enviado pela Hydro.
Nesta sexta, o Ministério Público do Estado do Pará e o Ministério Público Federal recomendaram o embargo imediato de uma das bacias de rejeitos da Hydro.
Além disso, uma comissão externa da Câmara dos Deputados visitou a sede
da mineradora pela manhã.
De acordo com o coordenador do grupo,
deputado Edmilson Rodrigues (PSOL-PA), um representante da empresa já
havia reconhecido a existência do duto clandestino, mas disse que o
canal estaria desativado.
"Uma autoridade da empresa no Brasil, o dr. Sílvio Porto, fez questão
de reconhecer que realmente havia um duto, segundo ele desativado, mas
[disse] que o volume de água precipitou.
Portanto, assumiu uma
responsabilidade," relatou Edmilson.
Laudo emitido pelo Instituto Evandro Chagas (IEC) e divulgado na
quinta-feira (22) confirmou a contaminação da área afetada pelo
vazamento.
O documento diz que a empresa fez a ligação clandestina para
eliminar efluentes contaminados.
Com as chuvas dos últimos dias, as bacias ultrapassaram sua capacidade.
Fotos feitas no município denunciaram alteração na cor da água do rio, uma lama vermelha rejeitada na operação da fábrica (bauxita e soda cáustica).
A Hydro, a princípio, negou qualquer vazamento.
Após o laudo do IEC, no entanto, a empresa disse que iria corrigir qualquer problema.
Além do coordenador, a comissão externa da Câmara que irá acompanhar a
situação em Barcarena é composta pelos deputados federais Arnaldo Jordy
(PPS), Delegado Éder Mauro (PSD) e Elcione Barbalho (PMDB).
Nesta sexta, a comissão participou de uma apresentação no auditório da
Hydro e visitou a comunidade afetada pelo vazamento.
Também participaram
da visita representantes da Defensoria Pública, da Procuradoria-Geral
do Estado, do governo do Pará e da OAB-PA, além de e cientista da UFPA.
De acordo com o governo do Estado, que criou um Grupo de Trabalho para
atuação integrada em Barcarena, uma das primeiras medidas será o
cadastramento dos moradores pela prefeitura, para que seja iniciada já
na tarde desta sexta a distribuição de água potável para a população.
"A entrega de água potável é uma medida paliativa, a gente sugere que a
empresa se comprometa a perfurar poços artesianos", pediu o coordenador
da comissão, Edmilson Rodrigues.
A comissão também vai se reunir com a Prefeitura de Barcarena e
representantes da Hydro para definir um novo cronograma de
monitoramento, com foco especial na identificação do número de famílias
que vivem nas comunidades Bom Futuro e Vila Nova, para atendimento
imediato.
Parte dos deputados também fará visitas de campo para verificar como a
empresa lida com os resíduos de bauxita.
Outra parte da comissão irá se
reunir com a comunidade na tarde desta sexta.
Grupo de trabalho
O governo do Estado criou um Grupo de Trabalho para atuação conjunta e
integrada em Barcarena, composto pelas secretarias de Saúde Pública
(Sespa), de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) e de
Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia (Sedeme), além da
Companhia de Desenvolvimento Econômico (Codec), da Defesa Civil e da
Procuradoria-Geral do Estado (PGE).
“Vamos iniciar imediatamente o plano de contingenciamento e
monitoramento ambiental, epidemiológico e sanitário", afirmou o
secretário de Estado de Saúde, Vitor Mateus.
"O levantamento
epidemiológico, neste momento, será fundamental para que possamos fazer
possíveis encaminhamentos de casos que necessitem de assistência
médica."
Em Belém, outra frente do Grupo de Trabalho está discutindo outras medidas que deverão ser adotadas.
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