Foram 68 prisões de policias em 2016 e 92 prisões em 2017.
Por Victor Ferreira e Léo Arcoverde, GloboNews, São Paulo
Um levantamento feito pela GloboNews por meio da Lei de Acesso à
Informação mostra que o número de policiais civis presos em São Paulo
aumentou 35% no ano passado.
Foram 68 prisões de policias em 2016 e 92
prisões em 2017.
Esses policiais cometeram crimes graves, como
associação ao tráfico de drogas (31), corrupção (11) e organização
criminosa (8).
Imagens cedidas pelo Ministério Público de São Paulo mostram uma
viatura descaracterizada da Polícia Civil de São Paulo.
O veículo é
dirigido pelo delegado Alexandre Ianovalli.
No elevador de um flat na
região central de São Paulo, Ianovalli está com outro policial.
Minutos
antes, outros dois policiais sobem no mesmo elevador.
As cenas foram gravadas no dia 12 de agosto de 2017, um sábado pela
manhã.
Cinco policiais civis foram ao apartamento 1112 do flat e,
segundo o Ministério Público, usaram armas de fogo, algemas e violência
para extorquir R$ 180 mil em dinheiro de um homem.
Dois desses policiais
eram delegados da Polícia Civil.
O delegado deixa o prédio uma hora depois no banco do passageiro de uma
viatura levando uma bolsa com dinheiro.
Alexandre Ianovalli e outros
três policiais estão presos.
O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Mágino Alves, chefe das
polícias civil e militar, disse que é natural que imaginar que a facção
criminosa que atua dentro e fora dos presídios paulista tenha gente
infiltrada na polícia.
"O crime organizado procura permear vários setores da sociedade, então é
natural que a gente imagine que tenha alguém infiltrado", disse Mágino
Alves.
Em novembro de 2017, 30 policiais civis foram presos acusados de se
associar ao crime organizado em São José dos Campos, interior de São
Paulo.
Entre as provas: um caderno de contabilidade dos traficantes, com
valores pagos à polícia, e escutas telefônicas em que os criminosos
reclamam da extorsão feita pelo Garra, grupo da polícia civil paulista.
O Ministério Público de São Paulo também atua no combate aos criminosos dentro da polícia.
"A ideia é sufocar o tráfico e o crime organizado de uma maneira geral e
também quando há uma interferência do crime organizado com os agentes
públicos”, disse o procurador-geral de Justiça de São Paulo, Gianpaolo
Smani.
"Pode ser que a Corregedoria tenha uma notícia e precise do
trabalho dos promotores, pode ser que os promotores tenham uma notícia e
precisem do trabalho da Corregedoria, pode ser que a notícia venha de
forma até anônima."
No caso da extorsão feita no flat, os policiais civis forjaram um
boletim de ocorrência, como se estivessem investigando a vítima por
venda ilegal de pedras preciosas.
Além de cometerem um crime grave, eles
usaram o aparato policial do estado para isso.
"O policial que se desvia da sua conduta, ele é pior até do que o
bandido comum, então ele vai encontrar numa ação forte do estado, a
repressão ao delito que ele cometeu", disse o secretário Mágino Alves.
secretário estadual de Segurança Pública de São Paulo disse que, entre
2014 e 2017, 235 policiais civis foram demitidos em todo o Estado.
Só em
2017, houve 78 demissões, número bem maior do que as 27 demissões
registradas em 2016.
Os advogados de 2 dos 4 policiais presos após a extorsão no flat no centro de SP falaram comigo por telefone.
O advogado do policial civil Eduardo Pereira Bueno afirmou seu cliente
não participou dos crimes descritos na denúncia e que a acusação do
Ministério Público não aponta qual foi efetivamente a sua participação
no caso.
Ele nega qualquer ilegalidade.
A defesa do policial civil Fernando de Oliveira declarou que a denúncia
do Ministério Público é genérica e não traz nenhum indício da
participação de seu cliente no crime de extorsão alegado pela
Promotoria.
Não atenderam o telefone nem retornaram as ligações feitas pela
reportagem os advogados do delegado Alexandre Ianovalli e Márcio Luiz
Marques de Souza.
O advogado de 10 dos 30 PMs envolvidos no caso de associação ao tráfico
em São José dos Campos diz que as gravações telefônicas que fundamentam
parte da denúncia não comprovam, só pela citação aos policiais, que
eles estejam envolvidos com o crime.
Ele diz que seus clientes negam
participação no crime.
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