Segundo o MPF, Orlando Diniz é suspeito de usar o esquema de lavagem de dinheiro do ex-governador Sérgio Cabral. Outras três pessoas são alvos de mandados de prisão.
Por Arthur Guimarães, TV Globo
Agentes da Polícia Federal e do Ministério Público Federal do Rio de
Janeiro prenderam, na manhã desta sexta-feira (23), o presidente da
Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ),
Orlando Diniz, em um desdobramento da Operação Lava Jato.
Diniz deixou o
prédio onde mora no Leblon, na Zona Sul, sob vaias e gritos da
vizinhança de "ladrão".
Outras três pessoas são alvos de mandados de
prisão.
Entre os desvios investigados está a contratação de funcionários fantasmas pelo Sesc e ao Senac, como uma chef de cozinha e uma governanta do ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral.
Diniz presidia o Sesc-Rio até dezembro do ano passado, quando foi
afastado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) por suspeita de
irregularidades no comando dessa entidade.
Mas, segundo os
investigadores, ele usava sua influência para atrapalhar a gestão atual.
Além de Diniz, preso preventivamente (sem prazo para liberação) três
funcionários da Fecomércio-RJ são alvos de mandados de prisão temporária
(por cinco dias, prorrogáveis):
- Plínio José Freitas Travassos Martins - já foi preso
- Marcelo José Salles de Almeida
- Marcelo Fernando Novaes Moreira
Segundo a investigação, as contratações fantasmas foram feitas a pedido
de Cabral, e auxiliaram o ex-governador a aumentar a propina que era
regularmente distribuída aos seus operadores mais próximos e seus
parentes, num esquema que movimentou mais de R$ 7,5 milhões.
O G1 entrou em contato com a assessoria do Sesc, mas até as 9h45 não havia obtido retorno.
Outras operações investigadas
Além da contratação fantasma, o MPF investiga outras operações feitas sob o comando de Diniz.
Segundo os investigadores, o presidente da Fecomercio-RJ gastou R$ 180
milhões em quatro anos com escritórios de advocacia, em contratos que
fugiam das normas técnicas e de transparência dos órgãos sob sua
responsabilidade.
A suspeita é que ele tenha usado dinheiro público para
se defender e se manter no poder dessas entidades.
Entre os escritórios contratados estão o da ex-primeira dama e mulher
de Sérgio Cabral, Adriana Ancelmo, e o de Roberto Teixeira e Cristiano
Zanin, que defende o ex-presidente Lula na Lava Jato e recebeu R$ 68
milhões dos R$ 180 milhões.
Ao escritório de Adriana Ancelmo, segundo o MPF, a Fecomércio-RJ pagou
R$ 20 milhões.
O dinheiro, nesse caso, saiu de recursos federais obtidos
pela Fecomércio-RJ partir de convênio com Sesc e o Senac.
Segundo o
MPF, a contratação que justificou esses pagamentos é "absolutamente
suspeita".
O G1
entrou em contato com o escritório de advocacia de Adriana Ancelmo, mas
o funcionário que atendeu a ligação informou que não poderia comentar o
assunto e pediu que retornássemos a ligação mais tarde.
Ainda de acordo com a investigação, Diniz utilizou os operadores
financeiros de Sérgio Cabral Álvaro Novis e Ary Filho para lavar
dinheiro.
Os envolvidos são acusados dos crimes de lavagem de dinheiro, de
corrupção e pertencimento a organização criminosa.
Além dos mandados de
prisão, os agentes fazem buscas na sede do sistema Fecomércio-RJ, no
Flamengo, Zona Sul do Rio.
A Justiça determinou o bloqueio e indisponibilidade de bens de Orlando
Diniz, do seu pai, Enio Ormonde Diniz, e de 12 empresas relacionadas ao
presidente da Fecomércio.
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