Em resposta a críticas sobre a celeridade do mandado de prisão expedido
contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na última quinta-feira
(5), o juiz federal Sérgio Moro afirmou, na tarde desta sexta (6), que
simplesmente cumpriu o seu papel de executar a sentença.
As declarações do magistrado foram dadas em entrevista dada em inglês à
CGTN America, canal de língua inglesa da China Global Television
Network.
"Ele (Lula) foi condenado por lavagem de dinheiro e corrupção.
É
preciso executar a sentença.
Simples assim.
Não vejo qualquer razão
específica para adiar mais", disse o juiz ao jornalista Stephen Gibbs,
correspondente da CGTN na América Latina, na sala de audiência da 13ª
Vara Federal de Curitiba.
A entrevista, que havia sido marcada meses atrás, foi realizada poucas
horas antes de transcorrer o prazo dado por Moro para que Lula se
entregasse voluntariamente na capital paranaense, até as 17h desta
sexta-feira - e ocorreu na mesma sala em que o juiz interrogou Lula no
ano passado.
O juiz afirmou não se sentir "muito confortável" em responder a perguntas sobre o caso.
"Eu recebi o ofício do TRF-4 ordenando a prisão e simplesmente a
cumpri.
Não tenho escolha se não cumprir a ordem", afirmou.
Moro afirmou
que a condenação do ex-presidente Lula é "importante", mas que é
preciso olhar de maneira mais ampla para as investigações de corrupção
na Petrobras.
"Acho que ainda está cedo para saber se ele vai se entregar ou se a
polícia vai ter que realizar a prisão.
Mas eles estão trabalhando",
afirmou.
Dia de dúvidas no ABC
Enquanto isso, a sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São
Bernardo do Campo, se tornou um ponto de concentração de militantes,
petistas e figuras de esquerda - como os pré-candidatos à Presidência
Manuela d'Ávila (PC do B) e Guilherme Boulos (PSOL).
Lula chegou ao sindicato na quinta-feira e passou a madrugada e o dia
de sexta-feira ali.
O dia foi de expectativa sobre os próximos passos de
Lula: não só sobre se ele faria algum discurso mas, principalmente, se
iria se entregar voluntariamente à Polícia Federal no prazo determinado
por Moro.
O ex-presidente não falou ao público e nem se apresentou às
autoridades.
Ao longo do dia, emissários do petista se organizaram em várias
frentes.
Sua defesa apresentou habeas corpus ao Superior Tribunal de
Justiça (STJ), que foi negado, e posteriormente ao Supremo Tribunal
Federal (STF).
No STF, o pedido ainda não foi analisado, mas foi
definido que terá como relator o ministro Edson Fachin.
Em outra frente, a tarde foi de negociações entre representantes do
ex-presidente, como o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo e o
advogado Sigmaringa Seixas, e membros da Polícia Federal.
Na pauta, a
articulação sobre as condições para uma eventual apresentação de Lula à
PF.
Segundo fontes ouvidas pela BBC Brasil, a tendência é que o
ex-presidente se entregue às autoridades em São Paulo neste sábado.
Antes disso, Lula deve participar, no sindicato, de uma missa em
homenagem a Marisa Letícia, de quem o petista é viúvo.
Ela faria 68 anos
neste sábado.
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