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Juíza Gabriela Maria de Oliveira Franco |
Aos 29, a magistrada Gabriela Maria de Oliveira Franco traz para Goiás experiências vividas na Justiça do Pará
O escritor inglês Charles Dickens dizia
que “cada fracasso ensina ao homem algo que ele precisava aprender”.
A
máxima se confirma verdadeira a cada exemplo de pessoas decididas,
resilientes, que permaneceram firmes até a concretização dos seus
objetivos.
O que vale, inclusive, em concursos públicos.
“Infelizmente,
as reprovações podem vir, mas o importante é não desistir”, observa a
juíza substituta do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO) Gabriela Maria de Oliveira Franco.
Casada, mãe de um garoto de quatro anos, a jurista teve de renunciar ao
tempo com o próprio filho, à época, com um ano, para se dedicar aos
estudos da magistratura.
“Aproveitava as férias e o recesso forense para
estudar”, diz Gabriela, de 29 anos, que atua na comarca de Caiapônia, no Sudoeste goiano.
Natural de Barra do Bugres (MT), a juíza Gabriela Maria possui título de bacharel em Direito pela Universidade de Cuiabá (Unic),
curso concluído em 2006.
Ainda na faculdade, Gabriela ingressou na
carreira jurídica como estagiária do Tribunal de Justiça do Mato Grosso (TJMT).
Concluído o estágio, a juíza permaneceu no TJMT, exercendo função de
assessora de desembargador, em cargo comissionado.
“O trabalho como
assessora de desembargador contribuiu para minha escolha”, conta
Gabriela sobre a opção pela magistratura.
Anteriormente à aprovação no
certame do TJGO, em 2013, a magistrada exerceu o mesmo cargo, também, no
Tribunal de Justiça paraense (TJPA), por nove meses.
A posse de Gabriela naquele órgão ocorreu em março do ano passado.
Meses antes de assumir a função no TJPA,
Gabriela abriu mão da magistratura no Acre, no concurso então em
andamento do Tribunal de Justiça estadual (TJAC).
A juíza participava
dos processos seletivos de ambos os Tribunais simultaneamente, quando
optou pela atuação no Pará, para o qual foi aprovada.
Gabriela acumula
quatro aprovações em concursos públicos, sendo do TJGO, TJPA, TJAC (até a etapa de provas discursivas) e TJMT, onde trabalhou por cerca de sete anos como analista e técnico judiciário.
Recomeço
Gabriela diz que começou a preparação
para concursos públicos ainda em 2006, após a conclusão do curso de
Direito.
Apesar de uma pausa nos estudos, em 2009, a juíza voltou a
estudar por até 10 horas diárias aos finais de semana e feriados.
“Após aprovação e posse para o cargo de
analista (no TJMT), parei os estudos temporariamente, pois me casei em
2009 e tive filho no mesmo ano.
Quando meu filho completou um ano, em
dezembro de 2010, voltei a estudar, então focada na magistratura.
Como
trabalhava durante o dia, estudava à noite, nos feriados e fins de
semana.
Além de fixar horas de estudo com, no mínimo, 4 horas por dia
durante a semana e de 6 a 10 horas aos fins de semana e feriados, me
cobrava com metas diárias e semanais, relacionadas aos conteúdos que
obrigatoriamente tinha que estudar”, esclarece Gabriela.
Metas
“Eu era disciplinada com relação às
metas semanais.
Também fazia uma escala de estudo por matérias, optando
por estudar duas matérias por dia.
Treinava com a resolução de questões,
principalmente na elaboração de sentenças”, relata a juíza.
Renúncia
“Minha família me deu muito apoio,
principalmente meu marido e minha mãe.
Tive que deixar de lado os
momentos de lazer com meus familiares, inclusive com o meu filho Hugo,
que hoje está com quatro anos.
Fiquei ausente em muitos momentos, porque
tinha que viajar muito para fazer provas.
Deixei de comemorar datas
importantes perto dos meus familiares, tais como Dia das mães,
aniversários, Dia dos pais.
Mas valeu a pena cada sacrifício.
Nos poucos
momentos de lazer, aproveitava para ficar com minha família,
principalmente com meu filho”, recorda Gabriela.
Curso preparatório
A magistrada do TJGO considera
essencial, em sua experiência, o suporte intelectual prestado pelos
cursos preparatórios para seleções públicas.
“Fazer um curso
preparatório foi fundamental para aprovação, em face das dicas e
incentivos dos professores”, pondera.
Material de apoio
“Estudei por apostilas e resumos.
Utilizei também uma doutrina de cada matéria, fazendo um estudo mais
aprofundado para as provas discursivas.
Para a prova objetiva, estudei
basicamente por lei seca e informativos.
Para prova oral, foi um estudo
mais intenso, com doutrinas e resumos e com direito a treinar na frente
do espelho”, compartilha a juíza Gabriela.
Carreira
“Como magistrada, quero contribuir para a
pacificação social, em busca pela efetivação dos direitos e garantias
fundamentais.
Podia-se dizer que a função exclusiva do magistrado era
julgar.
Atualmente, pode-se afirmar que o juiz se vê diante de desafios
que extrapolam o direito e a jurisdição, devendo, para tanto, estar
preocupado não só com o processo, mas com a verdadeira justiça.
Humildade e compromisso com a sociedade sempre”, afirma a magistrada.
Anote as dicas
Gabriela compartilha com candidatos a
concursos públicos dicas de comportamento e planejamento durante a fase
de preparação para os certames.
“Persistência, disciplina, planejamento e
renúncia.
Infelizmente, as reprovações podem vir, mas o importante é
não desistir.
Para aprovação, é fundamental ter disciplina: ter
cronograma de estudo, metas diárias e semanais, planejamento para cada
etapa do certame.
Renúncia também é fundamental, uma vez que o estudo
diário e ininterrupto implica em abdicação de momentos de lazer e
diversão”, conclui Gabriela.